Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Polícia paulista mata menos no início de 2025

Agentes na Operação Escudo, no Guarujá | Foto: Secretaria de Segurança Pública/Reprodução

Desde a virada do ano que a polícia paulista passou a matar menos: os 95 casos registrados em janeiro e fevereiro representam 61% das 154 mortes em decorrência de intervenção policial ocorridas nos mesmos meses do ano passado. Os números são do Gaesp, grupo do Ministério Público que faz o controle externo da atividade policial.

De acordo com a mesma fonte, em outubro do ano passado, as forças policiais que atuam no estado chegaram a matar 101 pessoas, mais do dobro das 42 vítimas de janeiro de 2025.

Os dados levam em conta também casos ocorridos em decorrência de intervenções de guardas municipais, mas, na grande maioria das vezes — cerca de 91% —, as mortes envolvem a atuação da PM.

 

PM e confrontos

Responsável pelo patrulhamento ostensivo e por operações em favelas e periferias, a PM é, das forças policiais, a que mais protagoniza confrontos. Em janeiro e fevereiro deste ano, a Polícia Civil matou três pessoas — em apenas um dos casos o agente estava de serviço.

Questionametos

Em 2025, houve uma explosão nas mortes pela polícia paulista em relação ao ano anterior: aumento de 65%, de 542 para 835 casos. O governador Tarcísio de Freitas e o secretário de Segurança, Guilherme Derrite, foram muitos questionados sobre a violência policial.

Para aliado, Tarcísio busca imagem de moderação

Governador quer ser menos radical que Bolsonaro | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para um político ligado ao bolsonarismo, a queda na letalidade da polícia de São Paulo está relacionada à necessidade de Tarcísio (Republicanos) procurar passar uma imagem de moderação.

Ele não pode abandonar o eleitorado de Jair Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, precisa tentar mostrar que não é tão radical quanto seu padrinho político.

Para este aliado, o governador, nos dois primeiros anos de governo, buscou construir o perfil de alguém que não dá tréguas aos bandidos.

Mas casos graves de abusos por parte de policiais — muitos deles, gravados — geraram um um freio de arrumação.

Lá e cá

Candidato potencial à Presidência da República — embora negue esta possibilidade —, o governador não pretende abandonar o discurso de combate sem tréguas à criminalidade. Mas sabe que precisa se mostrar confiável aos eleitores menos radicais

Geraldo na pista

Assim como quem não quer nada, Geraldo Alckmin (PSB) vai tratando de se colocar no páreo para uma disputa presidencial ou mesmo para o governo paulista. Nos últimos meses, os responsáveis por suas redes sociais têm tratado de modernizar sua imagem.

Não para

Seus posts são povoados de memes e de montagens. Ontem foi publicada uma imagem em que o vice-presidente aparece como DJ para comemorar o crescimento na indústria de alta tecnologia. A frase "A música não para" foi inserida como balão de quadrinhos.

Dupla

No entorno de Alckmin, há o consenso de que ele não tentará repetir a rasteira de Michael Temer em Dilma Rousseff e se manterá fiel ao presidente. Um carimbo muito usado nas postagens ressalta a ligação entre os dois, diz que, com Lula e Geraldo, o Brasil quer e faz.