Divergências sobre a destinação de emendas parlamentares estão por trás da proposta de modificação do critério para escolhas de presidentes de comissões permanentes na Câmara.

Hoje, os presidentes são eleitos e ficam um ano no cargo. Com a alteração, sugerida por Dr. Luizinho (PP-RJ), os líderes partidários teriam o direito de indicar e, depois, de substituir os presidentes das comissões destinadas a cada legenda.

A gota d'água para a proposta ocorreu com o deputado José Rocha (União-BA), que, em 2024, afirmou à revista piauí, que o então presidente da Câmara, Arthur Lira, (PP-AL), é que determinava o destino das emendas de comissões. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal.

Rocha disse que Lira manobrou para que a Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regionalverba enviasse mais verbas para Alagoas. A deputada Adriana Ventura (Novo-SP), da comissão de saúde, afirmou que o coletivo nunca decidiu o destino das vebas.

Os dois deputados já foram ouvidos pela PF. Outro caso citado na Câmara é o do deputado Eunicio Oliveira (MDB-CE) eleito, em 2024, presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano. Ele é acusado de definir sozinho o destino das verbas, sem sequer ouvir o partido.

A proposta de Dr. Luizinho, líder do PP, nasceu de uma sondagem do novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A mudança depende de alteração do regimento da Câmara, que teria que ser aprovada pela maioria dos parlamentares.

A sugestão fortalece o presidente da Casa, partidos e lideranças, mas gera desconfiança até entre muitos deputados e em algumas legendas: Psol, PDT e Novo disseram que são contra.

Líder do PT, Lindbergh Farias (RJ) declarou ser favorável à alteração; o PL ainda vai consultar seus deputados. Emendas de bancadas somam cerca de R$ 11,5 bilhões anuais.

Jair Bolsonaro vai trocar o palco da Avenida Paulista pelo que será montado no Rio para as manifestações marcadas para o próximo dia 16 — a oposição quer reivindicar anistia e gritar Fora Lula. O ex-presidente, porém, avisou que não vai usar a palavra "impeachment".

Mas outras lideranças falarão em impedimento do petista, numa espécie de tabelinha com o ex-presidente. Adversários de Lula querem aproveitar a queda na sua popularidade, buscam também criar um fato para contrabalançar a provável denúncia contra Bolsonaro.

A carta em que o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, escreveu com várias críticas a Lula, seu aliado, surpreendeu petistas e deixou muita gente indignada. O problema maior não é o diagnóstico, mas a maneira pela qual os problemas foram expostos.

Um integrante do governo ironizou o fato de Kakay, um grande criminalista, expor de maneira tão crua as dificuldades do presidente. Há quem veja no texto mágoa pelo afastamento de Lula e identifique referências cifradas a Janja, mulher do presidente.