Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Aço: concorrência entre exportadores vai aumentar

José Augusto de Castro fala em reviravolta | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro diz que a decisão de Donald Trump de impor taxa de 25% às importações de aço vai gerar uma briga de preços entre exportadores.

Cada produtor vai buscar reduzir sua margem de lucro para tentar obter um preço mais competitivo para o aço que manda para os Estados Unidos.

Segundo ele, a atitude do presidente norte-americano gera mais complicações do que o estabelecimento de tarifas específicas para determinados países.

Quando, como é o caso, a taxa é sobre um produto específico, afeta a vida de centenas de empresas no mundo. "Vai ser uma reviravolta na concorrência", afirma, em conversa com o Correio Bastidores.

 

Corrida

Ele ressalta a necessidade de se obter mais informações, já que as medidas foram muito abruptas e entram em vigor no próximo mês. Ou seja, para escapar da taxação, os produtos têm que chegar aos Estados Unidos antes da data determinada por Trump.

Inflação

Frisa que isso também terá consequências no mercado deles: os EUA, por opção, não são autossuficientes em aço — saía mais barato importar. A taxa de 25%, lembra, deverá ter efeitos inflacionários. "Eles queriam aumentar a atividade econômica, não a inflação", aponta.

Logística e impostos encarecem produtos

Frete para os EUA é mais barato que no Brasil | Foto: Elvira Nascimento/Usiminas

Segundo Castro, o chamado custo Brasil cria problemas para que produtores de aço daqui consigam reduzir muito seus preços.

Para o presidente da AEB, a incidência de impostos diretos e indiretos e as dificuldade logísticas colaboram de maneira decisiva para encarecer nossos produtos, já que a mão de obra é barata.

"É mais caro levar aço de Minas Gerais para um porto brasileiro do que transportar o mesmo produto de navio para os Estados Unidos", afirma.

A reforma tributária tende a aliviar o peso dos impostos, mas como sua implantação será muito gradual, não resolverá o problema imediato.

Alternativas

Ainda de acordo com Castro, não será fácil encontrar outros mercados para o aço brasileiro que vai para os EUA, já que a produção mundial — em especial, da China — é muito grande. Vê algumas possibilidades de vendas adicionais para países europeus.

Dólar

Diz que a alta do dólar em 2024 também não deve favorecer exportadores brasileiros (o comprador passou a gastar menos na moeda norte-americana para importar a mesma quantidade de produtos). Lembra que o câmbio flutua e que o real recuperou parte do seu valor.

Ascensão

O incêndio numa fábrica de fantasias deverá antecipar o aumento de escolas no Grupo Especial. Como as prejudicadas pelo fogo não serão rebaixadas, a ascensão seria uma forma de não inchar a Série Ouro. Em 2026, haveria cinco escolas por noite na primeira divisão.

Precariedade

O fogo reforça a precariedade de instalações e de condições de trabalho na grande indústria do samba carioca. O cadastro da Receita Federal revela que há duas empresas registradas no endereço, a Maximus Ramo e a SMTEX: ambas estão oficialmente inativas.