Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Reforma só deverá desfilar depois do Carnaval

Lula deve demorar para apontar novos ministros | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Sabe a tão prometida e falada reforma ministerial? Quem entende do vai e vem da política aposta que o presidente Lula só vai botar seu novo bloco na rua depois do Carnaval.

Enquanto isso, faz como as escolas de samba, promove um ensaio técnico aqui, uma feijoada ali — e nada de desfile oficial.

Muita gente, com razão, diz que, depois da farra das emendas parlamentares, ministérios deixaram de ser tão importantes, os deputados e senadores ficaram mais independentes do dinheiro ao governo.

Mas há um detalhe: algumas dessas pastas são ótimas para desaguar emendas para diversas obras. E, como diria o finado locutor Januário de Oliveira sobre este tipo de tabelinha, é disso que o povo de Brasília gosta.

 

Comissões

O impasse na troca de ministros reflete uma certa pasmaceira no Congresso. Até agora não foram definidos os presidentes das comissões permanentes da Câmara — a escolha, a exemplo das mudanças no time de Lula, também deverá ficar para depois do Carnaval.

Troca

Houve acordos para a definição do comando das comissões, mas a reforma ministerial tem poder para mudar o acertado. Se o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) virar ministro das Relações Institucionais, seu partido abre mão de presidir a Comissão de Orçamento.

Pra tudo começar na Quarta-Feira de Cinzas

Hugo Motta avalia pautar o texto para votação | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Há na Câmara a sensação de que o jogo só começa na Quaresma. Depois da desastrada declaração do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) sobre a intentona de 8 de Janeiro, até defensores da anistia deram uma recuada.

Há na oposição muitas dúvidas sobre a viabilidade da aprovação do projeto nesse momento, ainda mais diante da perspectiva de denúncia da Procuradoria-Geral da República que atinja Jair Bolsonaro.

Como a coluna publicou, o governo conta com a atitude da PGR para aumentar a pressão contra a anistia. Espera que venham mais detalhes, por exemplo, sobre o plano de assassinar autoridades.

Amigo urso

Por falar nisso: ministro da Defesa, José Múcio deu mais munição aos petistas que querem vê-los pelas costas. Isso, ao dizer no Roda Vida que, a seu pedido, Bolsonaro, ainda na Presidência, ligou para os três comandantes militares pedindo que recebessem o futuro ministro.

Munição

Advogado do ex-presidente, Celso Vilardi disse ontem que vai usar a fala de Múcio para defender seu cliente caso ele venha mesmo a ser acusado de planejar um golpe de Estado. Alega que quem quer virar a mesa não ajudaria em conversas com as Forças Armadas.

Reforço

As declarações de Múcio reforçam os que querem deixar mais evidente na Constituição que militares não podem se meter em política. Afinal, foi preciso ajuda para o futuro ministro ser recebido (o então comandante da Marinha, Almir Garnier, sequer aceitou conversar).

Lampião

A grosseria do deputado Elmar Nascimento (União-BA), que xingou uma jornalista que lhe questionou sobre seu patrimônio, reforça o apelido usado por colegas para se referir a sua excelência, que queria presidir a Câmara: "Cangaço Novo", referência à série de TV.