Pesquisadora associada do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia), Lia Valls afirma que será difícil que produtos industrializados voltem a se destacar na pauta de exportações brasileiras.

Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ela diz que fatores como o crescimento das importações da China contribuiu para que, nas últimas duas décadas, as vendas brasileiras para o exterior ficassem concentradas em commodities — produtos de características mais básicas cotados em bolsas internacionais.

Dados da balança comercial do ano passado revelam que as exportações do país ficaram concentradas em petróleo, soja, minério de ferro, açúcares e melaços e óleos combustíveis. Todos, de baixo valor agregado.

Segundo ela, uma mudança no perfil das exportações dependeria de um aumento na produtividade da indústria brasileira, que tem caído nos últimos anos. "Você só exporta o que produz", ressalta. Outro problema é o baixo índice de inovação na nossa cadeia produtiva.

A Alemanha, frisa, exporta para a China produtos sofisticados, de alta tecnologia. O Brasil já foi um grande exportador de celulares para a Argentina, mas perdeu esse mercado. Hoje, o país vende manufaturados como aço e componentes para produtos montados fora.

De acordo com a economista, a reforma tributária, que prevê queda dos impostos da indústria, não será suficiente para mudar o perfil do setor.

Afirma que, diferentemente da tradição brasileira, uma política industrial tem que ser focada em determinadas áreas com a devida cobrança de resultados. Não adianta dar incentivos fiscais sem que haja um controle do retorno.

Ela destaca que o agronegócio gera muita riqueza e utiliza tecnologia muito avançada, mas tem menor capacidade de gerar empregos que a indústria e o setor de serviços.

"As commodities não são capazes de criar tantos empregos", ressalta.

Dados do Banco Central mostram que, em 2000, as vendas para a China representavam 2% das vendas brasileiras; percentual que pulou para 32% em 2020 (28% em 2024). A exportação total de produtos básicos ou semimanufaturados passou de 39% da pauta para 71%.

A participação de produtos industrializados nas vendas brasileiras caiu de 61% para 29%. Diminuíram também as compras dos EUA e da Argentina, tradicionais compradores de manufaturados do Brasil. Os percentuais caíram, respectivamente, de 24% para 12% e de 11% para 4%.

Bolsistas da Capes — Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, vinculada ao MEC — esperam que saia hoje o pagamento de dezembro. Os mestrandos e doutorandos esperavam que, como costuma ocorrer, a grana saísse mês passado.

No X, Vinícius Soares, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), disse que a Capes informou não ter recebido a antecipação que permitiria o pagamento em dezembro. Disse que o dinheiro só chegou no dia 6, quando foi repassado aos bancos.