Homenagem contestada: Instituto do Patrimônio exige realocação da obra e abre debate, com tom eleitoral, sobre limites entre memória cultural e preservação urbanística
Frustração leva Senac-DF a tornar a estátua 'itinerante'
A festa que inauguraria a estátua de Oscar Niemeyer na Casa de Chá, na Praça dos Três Poderes, na tarde de segunda-feira (15), transformou o que seria a celebração dos 118 anos do arquiteto em uma disputa institucional, com ares de embate eleitoral. A tarde do evento, com nuvens carregadas num prenúncio de chuva pesada, curiosamente deu o tom do evento: muito tenso.
A escultura em bronze, de 150 quilos e tamanho real, foi encomendada pelo Senac-DF ao artista mineiro Leo Santana, o mesmo artista responsável pela estátua de Carlos Drummond de Andrade que está na Praia de Copacabana. Retratando Niemeyer sentado, em postura contemplativa, a obra seria instalada na Casa de Chá, espaço que o próprio arquiteto projetou e frequentava nos anos 1970.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reagiu forte quando tomou conhecimento da estátua, depois que ela foi exibida previamente à imprensa, na semana passada. Em nota oficial, o Iphan afirmou: “Consideramos justa a homenagem, mas a escultura deverá ser realocada em local compatível com a legislação e em respeito à concepção urbanística da Praça dos Três Poderes”.
Frustrado, o Senac-DF tentou amenizar a confusão. Reconheceu a falha, disse respeitar a legislação e garantiu que vai se adequar: "Todas as recomendações apontadas serão cumpridas. O Senac-DF reafirma o seu compromisso com o patrimônio, a memória e a história de Brasília”.
Enquanto isso, anunciou que a estátua "vai visitar" as unidades do Senac espalhadas pelo DF. A itinerância foi a forma encontrada para ganhar tempo e ver se é possivel convencer o Iphan - ou se será indicado outro local.