Por: William França

BRASILIANAS | Muita concertina está abandonada, no mato e na lama

Vários rolos de concertina, que custam R$ 45 reais o metro, estão abandonados | Foto: Brasilianas

'Sobras' de antigo contrato não foram reaproveitadas, nem retiradas, e estão se perdendo em meio ao matagal e a lama

Se há vantagem na troca das antigas muretas de concreto por grades e uso da concertina (espécie de arame farpado) para a inibição de furtos, o que não é passível de entendimento é o fato de terem centenas de metros desse material jogado ao longo da linha. Vários rolos do material estão sendo tomados pelo mato e, com a chuva, começam a se misturar com a terra e lama.

Algumas cenas são inusitadas, como parte da concertina presa e outro lado solta sobre a grade, no trecho próximo à estação Samambaia Sul. Outro é um conjunto desses arames farpados embolados e soltos no entorno da mesma estação.

Mas tem outras curiosidades. Se a intenção era para promover a segurança, no trecho próximo ao ParkShopping ainda persiste a velha cerca e nada de concertina. Há uma espécie de invasão nas proximidades, com vários barracos, e até mesmo alguns trechos da cerca deteriorados (gasto pelo tempo).

Questionado por "Brasilianas", o Metrô-DF disse que se trata de um serviço de reinstalação das concertinas – que ocorreram após a finalização da obra das grades – estão em fase final de ajustes e conclusão. O contrato, no entanto, já está encerrado desde novembro.

A coluna procurou a empresa contratada, a Esfera Ltda. O proprietário, que assinou todos os contratos, José Olímpio Neto, não estava. O seu genro, Ronaldo Alves, que responde pelo operacional, disse que a sua empresa fez exatamente o serviço para o qual foi contratada e que, por força contratual, não pode fazer nada além do que está escrito. Isso justifica parte da concertina estar jogada no chão.

"A gente foi contratado para retirar a concertina da mureta antiga e para repor em parte da nova. Não em toda ela. Fizemos o que estava previsto, no local que estava previsto", explicou, em conversa com esta coluna no final de novembro.

O fato é que dias após este contato com a empresa, muitas das concertinas que estavam abandonadas foram recolhidas. O Metrô decidiu esconder centenas de metros de concertina para "debaixo do tapete".

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Parte da concertina é instalada. A outra está dependurada na grade, próximo a Samambaia Sul | Foto: Brasilianas

Extensão das linhas

O Metrô-DF possui 42,38 km de extensão total. Há um trecho subterrâneo, localizado entre a Estação Central (Rodoviária do Plano Piloto) e a Estação Asa Sul, passando sob o Eixo Rodoviário Sul (Eixão). Esse segmento subterrâneo corresponde a aproximadamente 6 quilômetros.

Restam, portanto, aproximadamente 36 quilômetros de trânsito ao ar livre (há algumas pontes e pequenos trechos subterrâneos, como na Praça do Relógio, em Taguatinga). Numa "conta de padaria", seriam 72 quilômetros de "ida e volta" de cercas (uma de cada lado da linha).

Nesses gastos do metrô, foram investidos cerca de R$ 61 milhões para a troca de 40,2 quilômetros desta cerca. Portanto, ainda faltam 31,8 quilômetros. Ao preço do último contrato (R$ 1.518 o metro instalado), ainda seriam necessários mais R$ 48,2 milhões para concluir o serviço.

Veja a galeria de imagens com o abandono de material comprado pelo Metrô-DF:

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Trecho em área urbana, em Samambaia, que está sem concertina (que está jogada no chão) | Foto: Brasilianas

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Parte tem cerca. Parte tem grade. Parte tem concertina. Parte está no chão | Foto: Brasilianas

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Alguns dos rolos de concertina estão embolados, e sujos de lama, em meio ao mato | Foto: Brasilianas

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Rolos inteiros de concertina estão jogados, em meio ao mato | Foto: Brasilianas

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Trechos do trilho sem concertina (que está jogada no chão) | Foto: Brasilianas

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Trechos no Park Way, com a concertina jogada no chão | Foto: Brasilianas

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Trecho sem concertina, que está jogada no chão | Foto: Brasilianas

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Vários rolos de concertina, que custam R$ 45 reais o metro, estão abandonados | Foto: Brasilianas

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Trecho em Samambaia com grade sem concertina (que está jogada no chão) | Foto: Brasilianas

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Rolos de concertina abandonados, ao longo do trilho | Foto: Brasilianas

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Parte da cerca tem concertina. Outro pedaço não tem. Mas tem um pedaço dela dependurado, sem fixação | Foto: Brasilianas

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Trecho sem concertina (que está jogada no chão) | Foto: Brasilianas

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Dezenas de rolos de concertina estão abandonados | Foto: Brasilianas

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Em Águas Claras, parte da grade tem proteção extra. Outra parte, não | Foto: Brasilianas

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Trecho da linha convive com mureta antiga e com a nova grade. Não há justificativa para essa diferença | Foto: Brasilianas

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Concertina abandonada, no mato, enquanto a grade permanece sem a proteção extra | Foto: Brasilianas

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Concertina abandonada, misturada ao mato | Foto: Brasilianas

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Vários rolos de concertina abandonados, ao longo das grades sem proteção completa | Foto: Brasilianas

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No trecho do Park Way, parte ainda mantém o muro antigo. Outro não | Foto: Brasilianas

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Restos dos muros antigos permanecem abandonados, também, ao longo de trechos do metrô | Foto: Brasilianas

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Restos dos muros e a grade nova, ao lado da caixa de cabos de energia (objeto de furto). A concertina está no chão e não na grade | Foto: Brasilianas

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Trecho próximo a chácaras, que mantém a velha estrutura (considerada insegura pela polícia) | Foto: Brasilianas

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Trecho com a concertina arrancada, parcialmente | Foto: Brasilianas

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Na Estação Samambaia Sul, há um "depósito" de concertinas abandonadas | Foto: Brasilianas

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Parte da concertina é instalada. A outra está dependurada na grade, próximo a Samambaia Sul | Foto: Brasilianas

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Parte da grade tem concertina. Outra não | Foto: Brasilianas

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Muro antigo, próximo ao ParkShopping, com filetes de concreto, apresenta deterioração. Faz vizinhança com grade nova, mas o serviço não foi concluido | Foto: Brasilianas

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Muro antigo, de concreto, apresenta deterioração | Foto: Brasilianas