'Sobras' de antigo contrato não foram reaproveitadas, nem retiradas, e estão se perdendo em meio ao matagal e a lama
Se há vantagem na troca das antigas muretas de concreto por grades e uso da concertina (espécie de arame farpado) para a inibição de furtos, o que não é passível de entendimento é o fato de terem centenas de metros desse material jogado ao longo da linha. Vários rolos do material estão sendo tomados pelo mato e, com a chuva, começam a se misturar com a terra e lama.
Algumas cenas são inusitadas, como parte da concertina presa e outro lado solta sobre a grade, no trecho próximo à estação Samambaia Sul. Outro é um conjunto desses arames farpados embolados e soltos no entorno da mesma estação.
Mas tem outras curiosidades. Se a intenção era para promover a segurança, no trecho próximo ao ParkShopping ainda persiste a velha cerca e nada de concertina. Há uma espécie de invasão nas proximidades, com vários barracos, e até mesmo alguns trechos da cerca deteriorados (gasto pelo tempo).
Questionado por "Brasilianas", o Metrô-DF disse que se trata de um serviço de reinstalação das concertinas – que ocorreram após a finalização da obra das grades – estão em fase final de ajustes e conclusão. O contrato, no entanto, já está encerrado desde novembro.
A coluna procurou a empresa contratada, a Esfera Ltda. O proprietário, que assinou todos os contratos, José Olímpio Neto, não estava. O seu genro, Ronaldo Alves, que responde pelo operacional, disse que a sua empresa fez exatamente o serviço para o qual foi contratada e que, por força contratual, não pode fazer nada além do que está escrito. Isso justifica parte da concertina estar jogada no chão.
"A gente foi contratado para retirar a concertina da mureta antiga e para repor em parte da nova. Não em toda ela. Fizemos o que estava previsto, no local que estava previsto", explicou, em conversa com esta coluna no final de novembro.
O fato é que dias após este contato com a empresa, muitas das concertinas que estavam abandonadas foram recolhidas. O Metrô decidiu esconder centenas de metros de concertina para "debaixo do tapete".
Extensão das linhas
O Metrô-DF possui 42,38 km de extensão total. Há um trecho subterrâneo, localizado entre a Estação Central (Rodoviária do Plano Piloto) e a Estação Asa Sul, passando sob o Eixo Rodoviário Sul (Eixão). Esse segmento subterrâneo corresponde a aproximadamente 6 quilômetros.
Restam, portanto, aproximadamente 36 quilômetros de trânsito ao ar livre (há algumas pontes e pequenos trechos subterrâneos, como na Praça do Relógio, em Taguatinga). Numa "conta de padaria", seriam 72 quilômetros de "ida e volta" de cercas (uma de cada lado da linha).
Nesses gastos do metrô, foram investidos cerca de R$ 61 milhões para a troca de 40,2 quilômetros desta cerca. Portanto, ainda faltam 31,8 quilômetros. Ao preço do último contrato (R$ 1.518 o metro instalado), ainda seriam necessários mais R$ 48,2 milhões para concluir o serviço.
Veja a galeria de imagens com o abandono de material comprado pelo Metrô-DF: