Apesar do investimento altíssimo, o serviço está incompleto e parte do material está jogado ao longo dos trilhos, misturado ao mato e ao barro
Todos os quatro contratos, feitos por licitação, foram vencidos pela mesma empresa
EXCLUSIVO - Há dois meses, "Brasilianas" vem acompanhando (e tentando entender) a lógica (se é que ela existe) da Companhia do Metropolitano do DF, que gastou R$ 65.875.706,67 (sessenta e cinco milhões, oitocentos e setenta e cinco mil, setecentos e seis reais e sessenta e sete centavos) para adquirir cercas e gradis ao longo das suas duas linhas de trem - mas não concluiu o serviço.
A promessa do Metrô-DF era a de reforçar a segurança contra furtos de cabos e invasões das linhas do trem, mas a obra se transformou em cenas de descuido e de desperdício de dinheiro público. Há centenas de metros de materiais (como as concertinas) jogados ao longo dos 42,3 quilômetros dos trilhos. E a obra não foi concluída.
Esta coluna obteve, no site da empresa, as informações sobre os quatro contratos feitos entre o Metrô-DF e a empresa Esfera Construções Metálicas, situada na ADE (Área de Desenvolvimento Econômico) de Águas Claras. Desses contratos-mãe, foram feitos outros dois aditivos, no limite do que permite a legislação federal (que é de 25% do contratado).
Desde 2021, o Metrô-DF vem trocando os antigos muros feitos com estruturas de cimento, que impedem o acesso de pessoas não autorizadas na linha férrea. Inicialmente, a ideia foi apenas a de colocar concertina (aquele arame enrolado, típico de muros de presídios) ao longo dos trechos mais vulneráveis.
Depois, os contratos trataram de derrubar as cercas antigas e colocar grades de metal, que permitem que haja a visualização do que acontece do outro lado. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (que embasaram as justificativas para a obra), essa transparência inibe os furtos de cabos de energia.
Segundo o Metrô-DF, em 2024, até outubro, foram registradas 46 ocorrências de furto e tentativa de furto de cabos. Em 2025, no mesmo período, foram registradas 15 ocorrências. Houve uma redução de 67 % na incidência desses crimes no sistema metroviário.
"O Metrô-DF reforça que não houve sobreposição de serviços. Cada contrato ou aditivo previu a instalação de cercamento em novos locais da via ou o incremento de metros de grades", disse a empresa, em nota encaminhada a "Brasilianas".