Resgatada em Luziânia, fêmea passou por cuidados intensivos no Hospital da Fauna Silvestre do DF
Ela será monitorada por GPS para garantir adaptação ao habitat natural
A soltura de uma lobo-guará fêmea na Área de Proteção Ambiental (APA) Cafuringa, em Brazlândia, marca mais um avanço na conservação da fauna do Cerrado. O animal, resgatado em Luziânia (GO) com sinais de apatia e fraqueza, passou por um mês de cuidados intensivos no Hospital da Fauna Silvestre do Distrito Federal (Hfaus), vinculado ao Instituto Brasília Ambiental.
O caso ilustra a importância da estrutura pública para recuperação de espécies ameaçadas. Exames clínicos detalhados — incluindo análises de sangue e fezes, ultrassom, raio-x e testes para doenças infectocontagiosas — revelaram erliquiose, uma hemoparasitose causada por bactérias que atacam células sanguíneas. Essa enfermidade, comum em animais silvestres e domésticos, compromete a locomoção e pode levar à morte se não tratada.
Segundo o coordenador do Hfaus, o biólogo Thiago Marques de Lima, os procedimentos começaram imediatamente após o diagnóstico, com medicação, plano alimentar prescrito por especialista e acompanhamento diário. "É uma dieta feita para atender tudo o que a fêmea necessita de vitamina, proteína, fibra e tudo mais. Monitoramos diariamente para saber se ela estava se alimentando corretamente", esclareceu.
A fêmea respondeu rápido ao tratamento e, em um mês, foi liberada para soltura em área preservada. "Fazemos análises de sangue e fezes periodicamente. Quando todos os parâmetros se estabilizam e o comportamento retorna ao padrão natural, já que é um animal que tem comportamento mais arredio e agressivo, podemos afirmar com certeza que está pronto para voltar para a natureza", observou o coordenador.
Monitoramento programado
Após alta, o animal foi encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas-DF), do Ibama, que definiu local e data da soltura.
Para acompanhar a adaptação, a fêmea recebeu um colar GPS programado para se desprender em seis meses. O monitoramento, complementado por armadilhas fotográficas, fornecerá dados sobre deslocamento, predação e interação com o ambiente.
O chefe do Cetas-DF, Júlio César Montanha, destaca que o acompanhamento é essencial para a conservação do Cerrado. "O lobo-guará exerce papel ecológico estratégico no controle populacional de outras espécies. Garantir sua saúde é preservar o equilíbrio do bioma", afirmou.