Por: William França

BRASILIANAS | Brasília registra mais de 32 mil pessoas em uniões homoafetivas, diz IBGE

Casamento coletivo na parada gay de Brasília | Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Censo 2022 revela crescimento expressivo das uniões entre pessoas do mesmo sexo, e acompanha salto nacional.

DF tem maioria de uniões femininas e perfil concentrado entre 30 e 44 anos

O Brasil vive uma transformação silenciosa, porém profunda, na composição de suas famílias. Entre 2010 e 2022, o número de casais homoafetivos no país cresceu de 58 mil para 480 mil, segundo o Censo Demográfico do IBGE.

Esse salto de 728% em apenas 12 anos revela não apenas uma maior formalização dessas uniões, mas também uma sociedade mais aberta à diversidade afetiva.

Em Brasília, esse movimento é igualmente expressivo. A capital federal registrou, em 2022, 32.072 pessoas vivendo em uniões homoafetivas, o que representa um recorte significativo da diversidade conjugal local.

A cidade acompanha a tendência nacional, com predominância de casais formados por mulheres (55,8%) e maior concentração nas faixas etárias entre 30 e 44 anos, período associado à estabilidade econômica e social.

Em 2010, o Distrito Federal havia registrado cerca de 1.500 uniões homoafetivas, número que saltou para 32.072 em 2022, segundo o IBGE — um crescimento de mais de 2.000%. A capital federal acompanha o avanço nacional, com predominância de casais formados por mulheres e perfil concentrado entre 30 e 44 anos.

Esse avanço é atribuído a fatores como maior visibilidade e aceitação social e a decisões judiciais importantes, como a do Supremo Tribunal Federal que em 2011 equiparou uniões homoafetivas às heteroafetivas. É importante destacar também a Resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2013, que obrigou cartórios a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Essas decisões contribuíram para a formalização das relações e para a segurança jurídica dos casais, especialmente em questões como sucessão, adoção e previdência.

Além disso, o perfil educacional elevado e a predominância de mulheres nas uniões homoafetivas em Brasília refletem tendências nacionais e indicam que a capital está alinhada com os avanços sociais e legais do país.

Macaque in the trees
O casal Hugo Pullen e Thiago Ribeiro casaram-se no civil em setembro de 2016 em Brasília | Foto: Hugo Pullen/Arquivo pessoal

Perfil por gênero e idade

Os dados mostram que 17.900 mulheres vivem em união homoafetiva em Brasília, contra 14.172 homens. As faixas etárias com maior número de registros são:

Mulheres:

• 30 a 34 anos: 3.825

• 35 a 39 anos: 4.011

• 40 a 44 anos: 4.104

Homens:

• 30 a 34 anos: 1.883

• 35 a 39 anos: 2.051

• 40 a 44 anos: 2.207

A presença de casais homoafetivos em todas as faixas etárias — inclusive entre os mais jovens e idosos — reforça a ideia de que essas uniões estão cada vez mais visíveis e reconhecidas, embora ainda enfrentem desafios como subnotificação e preconceito.

Brasil: panorama nacional

No cenário nacional, as uniões homoafetivas passaram a representar 0,7% dos domicílios brasileiros em 2022, contra apenas 0,1% em 2010. A maioria dessas uniões é consensual (77,6%), seguida por casamentos civis (13,5%), civis e religiosos (7,7%) e apenas religiosos (1,2%).

A distribuição regional mostra maior concentração no Sudeste (48,1%), seguido pelo Nordeste (22,1%), Sul (14,9%), Centro-Oeste (8%) — onde Brasília se insere — e Norte (6,9%).

Escolaridade e religião

O perfil educacional dos cônjuges também revela avanços:

• 31% têm ensino superior completo

• 42,6% têm ensino médio completo ou superior incompleto

• 13,4% têm ensino fundamental incompleto ou nenhuma instrução

• 13% têm fundamental completo ou médio incompleto

Quanto à religião, os dados indicam que:

• 45% são católicos

• 13,6% evangélicos

• 21,9% não têm religião

• 19,5% seguem outras crenças

Esses números contrastam com o perfil religioso da população geral, onde os católicos representam 56,7% e os evangélicos 26,9%.

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Casamento coletivo na parada gay de Brasília | Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo