Enquanto Santa Catarina lidera com 90,6% dos domicílios em segurança alimentar, o Distrito Federal registra 73,0% — e apenas 71,7% dos moradores têm acesso pleno a alimentos
A segurança alimentar no Distrito Federal sofreu uma queda significativa em 2024, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados na última sexta-feira pelo IBGE.
Apenas 73,0% dos domicílios da capital federal estão em situação de segurança alimentar, uma redução de 3,5 pontos percentuais em relação a 2023. O dado preocupa, especialmente diante do aumento da insegurança alimentar leve, que passou de 14,7% para 18,0% no mesmo período.
A pesquisa utiliza a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que classifica os domicílios em quatro categorias: segurança alimentar, insegurança leve, moderada e grave.
A insegurança alimentar leve — marcada por incertezas quanto ao acesso futuro a alimentos e estratégias que comprometem a qualidade — foi a que mais cresceu no DF. Já os casos mais severos, como a insegurança moderada e grave, permaneceram relativamente estáveis, com 4,8% e 4,2% respectivamente.
Os dados revelam uma realidade preocupante no DF: mesmo sendo a Capital Federal a campeã com a maior renda per capita do país (R$ 3.444, cerca de 66% superior à média nacional, que é de R$ 2.069), a insegurança alimentar afeta quase um terço da população.
A queda na segurança alimentar e o aumento da insegurança leve podem indicar o impacto de fatores como inflação, desemprego e desigualdade social.
A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à segurança alimentar, especialmente em áreas urbanas onde o custo de vida é elevado e o acesso a alimentos saudáveis pode ser limitado por questões econômicas.
Comparativo nacional
Apesar da queda, o DF ainda está acima da média nacional em segurança alimentar, que é de 75,8% dos domicílios. No entanto, quando se observa os dados por moradores — e não por domicílios — o cenário se inverte: apenas 71,7% dos habitantes do DF vivem em domicílios com segurança alimentar, abaixo da média nacional de 74,2%.
Em números absolutos, cerca de 2,1 milhões de pessoas no DF têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, enquanto aproximadamente 845 mil enfrentam algum grau de insegurança alimentar.
O Distrito Federal ocupa uma posição intermediária no ranking nacional. Estados como Santa Catarina (90,6%), Espírito Santo (86,5%) e Rio Grande do Sul (85,2%) lideram em segurança alimentar. Já Pará (55,4%), Roraima (56,4%) e Piauí (60,7%) apresentam os menores índices.
No que diz respeito à insegurança alimentar moderada ou grave, o DF registra 9,0% dos domicílios nessa condição — número inferior à média nacional de 10,6%, mas ainda distante dos melhores desempenhos, como Santa Catarina (2,9%) e Espírito Santo (3,5%).