TRANSPORTE PÚBLICO GANHA UPGRADE (1)
O novo Centro de Supervisão de Operações (CSO) da Semob-DF oferecerá uma série de informações, em tempo real, para vários operadores
Para facilitar o entendimento do que é possível com o novo Centro de Supervisão de Operações da Semob-DF, "Brasilianas" vai enumerar algumas das situações que observou durante a visita:
- É possível ver onde está cada ônibus e saber como ele está: estacionado (desligado ou com o motor ligado) ou se está em movimento. E, se estiver em serviço, se está no horário, atrasado ou adiantado dentro da programação daquela linha.
- Cada ônibus está atrelado a uma ordem de serviço. Por exemplo: a ordem de serviço determina que o ônibus de número 300 tem de sair da Rodoviária do Plano Piloto às 9h05 com destino ao Campus da UnB. E tem de percorrer o trajeto em 35 minutos. Se fizer em menos tempo, aparece como adiantado. Se em mais tempo, aparece como atrasado.
- É possível monitorar para ver o que os técnicos definem como "comboio" - ou seja, se dois ônibus, da mesma linha, andam juntos ou muito próximos. Para quem está nas ruas, nos pontos de ônibus, é bastante comum ver que muitas vezes chegam dois ônibus da mesma linha (ou com o mesmo destino) ao mesmo tempo e que apenas um faz a parada. Isso porque há uma espécie de "combinado" entre os motoristas: um deles para num ponto de ônibus e o outro no seguinte, alternando. Com isso, o passageiro fica na parada por um longo tempo e, em vez de ter dois ônibus para atendê-lo, só tem um.
- Os ônibus terão de parar num espaço físico determinado para cada ponto de ônibus. Se parar antes ou depois do espaço delimitado, o sistema emite um alerta. Isso porque a Semob-DF fez o georreferenciamento de cada um dos 6.515 pontos de parada do DF. Assim, o ônibus terá de parar exatamente no lugar determinado, e não longe dele. Quem está nas ruas e pega ônibus também sabe: muitas vezes, tem de correr atrás do veículo, que para lá longe. Isso quando ele nem espera o passageiro e arranca.
- Falando em ponto, está na fase final de testes também o uso de QR Codes nos pontos de ônibus, que usam justamente os dados do CSO. Atualmente, só existem 10 dentre os mais de 5.193 abrigos de ônibus do DF com esse sistema. Nos próximos meses, todas as paradas terão esses dados, numa placa, afixada no abrigo de ônibus: basta clicar a imagem com o celular para saber quais linhas e horários passam por aquele local.
- Se um ônibus quebrar ou sofrer um acidente, por exemplo, irá aparecer no sistema um alerta de que ele está parado além do tempo previsto em algum lugar que não era para estar. Com isso, o rastreio da linha indicará ajustes nos horários dos ônibus subsequentes e chamará atenção para o ponto.
- O sistema exibe "manchas de calor", em que é possível ver quais locais têm engarrafamento de trânsito (sobretudo nos horários de pico). Com isso, são feitos reajustes nos horários dos ônibus e entre as linhas - quando houver impacto sobre o tempo de deslocamento.
- A depender de cada empresa (que tem suas metas próprias), é possível saber se o motorista está acelerando demais o ônibus e gastando combustível além do necessário, se passou a marcha errada (e danificou o câmbio), se freou bruscamente o veículo ou até mesmo se fez uma curva fechada demais, entortando a carroceria. O comportamento do motorista ao volante, em tempo real.
- Com a chegada dos novos ônibus elétricos à frota do GDF (90 ônibus, que irão rodar no Plano Piloto, a partir de novembro), e por terem mais tecnologia embarcada, a Semob-DF afirma que será possível que o CSO emita informações para o motorista por meio do painel, repassando orientações para ele, invertendo a lógica da operação como é feita hoje.
- Com o novo sistema, a partir de dados de localização do APP, já será possível saber, com exatidão, quantos passageiros entraram em cada ônibus, em cada uma das paradas, em determinado horário. Com isso, é possível - por exemplo - redimensionar o tamanho do veículo (para maior ou menor capacidade), aumentar a frequência dos ônibus por determinada linha e até mesmo prever ajustes em trajetos. Se, por exemplo, for inaugurado um novo conjunto residencial ao longo daquela linha, poderá ser acrescentado um novo ponto de ônibus e mesmo mais ônibus para atender à demanda. Isso, só olhando para o telão...
- Falando em telão, os 70 que estão na Rodoviária do Plano Piloto já usam os dados do CSO. Em breve, a RZK Digital (responsável pelo sistema) disse à "Brasilianas" que irá dispor de dados ainda mais personalizados, separando as linhas por plataforma de embarque, para facilitar a vida dos usuários.
- Hoje, os cartões Mobilidade, que são operados pelo BRB, são do tipo MFer, que armazenam os dados e sua antena serve apenas para descarga e recarga de valores. Contudo existem tecnologias como a NFC, com capacidade de comunicação bidimensional, e que é possível a identificação dos cartões em proximidade, o que gera a possibilidade de identificar quem está dentro do ônibus ou desceu. Segundo "Brasilianas" apurou, o BRB estuda fazer essa mudança. Assim, será conhecida a origem e o destino de cada usuário, também em tempo real.
- O Metrô-DF também terá de se atualizar... Os trens terão de sofrer alterações no sistema de informação, que hoje só é atualizado cada vez que o vagão passa por determinados sensores. Já foi requerido pela Semob-DF que a empresa compre novos sistemas para gerar dados em tempo real. Agora, resta aguardar que a empresa saia da inércia que se encontra...
- E todo o sistema já está aguardando a possível entrada em operação do futuro consórcio interestadual, que prevê que o GDF, junto com o Governo de Goiás, faça a gestão dos ônibus do Entorno do DF. Bastará integrar os novos veículos ao CSO.
