Por: William França

BRASILIANAS | Brasília viverá uma revolução no transporte público, com o novo sistema 'DF no Ponto'

O painel do Centro de Supervisões Operacionais da Semob-DF traz uma série de dados e parâmetros em tempo real | Foto: Divulgação/Semob-DF

TRANSPORTE PÚBLICO GANHA UPGRADE (1)

Está quase tudo pronto para que o novo sistema de gerenciamento da Semob-DF passe a operar. a partir da próxima semana. Com ele, haverá uma série de inovações (como um novo APP) que vão deixar o usuário no controle do sistema

EXCLUSIVO - O sistema público de transportes urbanos do Distrito Federal está prestes a viver uma revolução. E saiba que este não é um elogio gratuito, tenha certeza disso. E esta inovação tem nome: o novo sistema do "DF no Ponto".

"Brasilianas" visitou na última semana, com exclusividade, o Centro de Supervisão Operacional (CSO) da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob-DF) e pôde verificar, in loco, a fase final da compilação de dados e os ajustes que vão transformar o modo de como os cerca de 1,3 milhão de usuários que acessam diariamente os ônibus urbanos e o Metrô usam o transporte público em todo o DF.

Na edição de hoje, "Brasilianas" conta como funcionará o novo sistema. Amanhã, serão apresentados os impactos que ele trará para os usuários e os desafios que o próprio GDF tem diante de si para que tudo funcione a contento. Vamos lá...

Sabe aqueles sistemas que a gente vê funcionando em algumas cidades mundo afora e que são apontados como exemplos de bom funcionamento do transporte público, com o cumprimento de horários, como os trens de Tóquio e o sistema de ônibus em Genebra? Pois bem... Temos tudo para nos tornarmos, também, Brasília (e todo o DF) em mais um exemplo de cidade em que o cidadão pode se programar para pegar um ônibus ou um metrô e ele vai passar lá, no horário previsto.

Como esse "sonho" será possível? Por uma série de fatores - a começar pelo novo sistema de gestão da frota de ônibus urbanos. Segundo o Tribunal de Contas do DF, algo semelhante já era para estar em funcionamento há pelo menos 12 anos. Mas não saiu de promessas de várias gestões.

Até existia algo de controle por parte das empresas operadoras de ônibus, mas não era nada integrado. Para exemplificar: cada uma das cinco grandes concessionárias que operam as chamadas "bacias" (áreas geográficas que definem a área de atuação exclusiva de cada empresa), tem o seu sistema operacional. Algumas com mais detalhamento ou prioridades, outras menos, mas todas basedas na mesma plataforma digital.

Há cerca de um ano, começou a ser montado o primeiro espaço (e o primeiro sistema de dados) para unificar todos esses controles das empresas num só lugar. Em um antigo galpão para reuniões na grande área da garagem da TCB (empresa de ônibus urbanos que é propriedade do GDF), próximo ao Palácio do Buriti, foram feitas algumas reformas físicas e a compra de equipamentos e computadores.

Ao custo de aproximadamente R$ 9 milhões (ou apenas 0,005% do valor do subsídio que é pago anualmente pelo GDF pelo transporte público, que é de R$ 1,6 bilhão), "nasceu" há cerca de dois meses a primeira versão do CSO.

Nesta atual fase, existe um sistema operacional que usa o padrão chamado GTFS, ou Especificação Geral de Feed de Trânsito, criado como padrão pelo Google, e atualmente utilizado como referência em todos os ambientes de transporte público pelo mundo.

Esse sistema recepciona os dados de cada um dos 3.049 ônibus urbanos que realizam mais de 22.500 viagens por dia e das duas linhas do metrô (Samambaia e Ceilândia), que rodam com 32 trens e transportam cerca de 160 mil passageiros por dia.

Pois bem: o CSO faz o cruzamento de todos esses dados, em tempo real. Os resultados são exibidos num telão gigante e ofertados para os gestores tomarem decisões num pequeno laptop.
A título de curiosidade: a cada 30 segundos, todos os ônibus mandam dois pacotes de dados ao CSO. Um pacote operacional, com diversos dados (hora, linha, sentido, latitude e longitude, velocidade, deslocamento, dentro outros) e outro pacote de bilhetagem (com mais de 50 dados diversos, desde linhas, a tipos de pagamentos, operadores, motorista e cobrador, até informações de alocação em linha do validador.

Ou seja: a cada minuto, cada ônibus repassa ao CSO quatro dados sobre sua posição e situação. Com isso, é possível parametrizar milhares de informações, que vão desde a localização real à velocidade média do veículo, passando ainda por quantos passageiros estão em cada um dos ônibus e qual a rota está sendo percorrida.

Macaque in the trees
s | Foto: Divulgação/Semob-DF

Fiscalização on-line, também

Com isso, será possível à Semob emitir notificações em tempo real às empresas, que podem ser transformadas em multas, por descumprimento das ordens de serviço.

Isso porque, cada programação operacional planejada é comparada on-line com a execução. O sistema permite também a possibilidade de realizar a correção eventual de operações não lançadas automaticamente. Mas, desde que tenha sua com a devida justificativa.

E o mais interessante: todo esse sistema está sendo compartilhado, on-line, com o Tribunal de Contas do DF (TCDF) e com o Ministério Público do DF (MPDFT).

Antes, segundo a Semob-DF, havia visitas dos membros do tribunal ou do MP cobrando dados sobre determinadas falhas ou gastos. Ou mesmo a cobrança de determinadas reclamações de usuários, de problemas ocorridos (em alguns casos, meses antes). Agora, não há mais essa necessidade - os órgãos de contole podem monitorar tudo à distância.

Em breve, o CSO será ampliado. Já está sendo projetada uma nova sala, também dentro da TCB, que além deste telão irá abrigar outro, com as imagens geradas pelas câmeras que estão instaladas em cada um dos ônibus que rodam no DF, tanto as internas quanto as externas. Será um grande "big brother" do sistema de ônibus urbanos.