Amanhã comemora-se o aniversário do pintor, escultor, desenhista e artista brasileiro que deixou sua marca registrada em Brasília, principalmente nos azulejos. Assinatura da lei que cede o terreno à FundAthos será no Teatro Nacional
O foyer da Sala Martins Pena do Teatro Nacional, que é ornada com um extenso painel de azulejos composto por três padrões de peças na cor amarela. será cenário, amanhã, às 18h, da cerimônia de sanção da Lei 1.786 de 2025, que autoriza a concessão de um terreno de 1.225 metros quadrados para a Fundação Athos Bucão (Fundathos).
Há mais de 30 anos, a Fundathos trabalha para preservar e divulgar o legado do artista plástico. A entidade nunca teve, contudo, uma sede própria.
"Estamos muito felizes com essa conquista, que é um presente para Athos Bulcão no dia em que completaria 107 anos. Brasília vai ganhar um museu do artista, num lindo prédio projetado por João Filgueiras Lima, o Lelé", disse à "Brasilianas" a presidente da entidade, a jornalista Márcia Zarur.
O imóvel público cedido está situado no lote 12 do Setor de Divulgação Cultural (SCS), perto do Clube do Choro, está sob gestão da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF). A concessão terá validade de 35 anos, podendo ser prorrogada por igual período.
Em contrapartida, caberá à Fundação arcar com as despesas de construção do prédio, licenças, tributos e demais autorizações legais. Segundo o texto aprovado, as obras destinadas à edificação deverão ser concluídas em até cinco anos, contados a partir da publicação da lei.
O projeto de Lelé Filgueiras, feito em 2009, deve custar cerca de R$ 8 milhões. O prédio proposto por ele para ser a sede da fundação ocupa 70% do lote. Nos restantes 30%, foram previstos jardins que se integram à área da administração e um café.
Lelé é considerado um mestre na concepção de edifícios que usam a iluminação e ventilação naturais como elementos-chave. E, num reforço da parceria entre os dois arquitetos, em todos os hospitais da Rede Sarah existem obras de Athos Bulcão.
Esforço coletivo e suprapartidário
A presidente da FundAthos explica que a conquista do terreno deve-se a um conjunto de esforços, que vem sendo construída há muitos anos. "Mais recentemente, houve o empenho do secretário de Cultura do DF, Cláudio Abrantes. E contamos também, desde o início, com o apoio do BRB e de três parlamentares da bancada do DF no Congresso Nacional: a deputada Érika Kokay (PT) e as senadoras Leila Barros (PDT) e Damares Alves (Republicanos). Isso prova que o legado de Athos está acima da polarização e das diferenças políticas e ideológicas", enfatizou.
Outro exemplo da motivação suprapartidária envolvendo o tema: quando da aprovação do projeto de lei pela Câmara Legislativa do DF, no dia 17 de junho, a proposta contou também com o voto dos deputados da oposição, que suspenderam, temporariamente, a obstrução à votação de propostas oriundas do GDF. Durante a deliberação em plenário, parlamentares da base e da oposição elogiaram o projeto, enaltecendo a importância da obra de Athos Bulcão bem como da fundação que leva o seu nome.
Até chegar à analise dos deputados distritais, por meio de um projeto de lei oriundo do GDF, a proposta passou por uma audiência pública, que discutiu a pertinência dessa cessão.
Novo desafio: a construção
Atualmente, a FundAthos está instalada em um espaço alugado na 510 Sul. Além de zelar pelo acervo deixado pelo artista plástico, a Fundação realiza exposições, comercializa produtos com os motivos criados por Athos (a exemplo da reprodução dos azulejos da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, da 308 Sul) e desenvolve programas educativos.
"Agora começa uma nova etapa da luta, que é captação de recursos pra construção do prédio. Mas estamos otimistas, e temos certeza de que essa causa sensibiliza todo mundo, afinal quem não ama Athos Bulcão?", afirma Márcia Zarur - que deixará a presidência da entidade e passará a integrar o seu conselho consultivo.
A nova presidente da FundAthos será Valéria Cabral, que durante anos foi assistente pesssoal do artista e a secretária-executiva da FundAthos.