Por: William França

BRASILIANAS | Ibaneis 'compra briga' com o IBGE pelo Sol Nascente

Aproveitando o período de estiagem, as equipes intensificaram a implantação de blocos intertravados nas ruas internas do Sol Nascente | Foto: Matheus H. Souza/Agência Brasília

Disposto a retirar a região do Pôr do Sol/Sol Nascente da classificação de 'segunda maior favela do país' feita pelo IBGE, Ibaneis Rocha levou o caso para o horário eleitoral. E o GDF apresentou ontem a segunda fase do programa de infraestrutura para aquela RA, que, somados, ultrapassam os R$ 700 milhões

Criada oficialmente em 2019, a Região Administrativa XXXII, que reúne o bairro do Sol Nascente e o do Pôr-do-Sol, tem cerca de 108 mil habitantes, numa área de pouco mais de 3,2 mil km², o que resulta numa concentração de 2.685 pessoas por quilômetro quadrado. Essa alta concentração populacional, numa região carente de infraestrutura, levou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro do ano passado a classificar o lugar como "a segunda maior favela do país", só perdendo para a Rocinha, no Rio de Janeiro.

O IBGE considera "favela" qualquer aglomerado subnormal, com no mínimo 51 domicílios, que ocupa de forma desordenada e densa os terrenos e que não possui acessos a serviços públicos essenciais como, água potável, saneamento básico, além de ter baixa qualidade das residências e insegurança quanto ao status das propriedades.

Na época, o GDF reagiu afirmando que já havia feito melhorias em infraestrutura e serviços básicos promovidas nos últimos anos.

Agora, essa questão foi parar até mesmo na propaganda eleitoral obrigatória. Nos últimos dias, o governador Ibaneis Rocha está usando o horário político do seu partido, o MDB, para tratar do assunto. Ele afirma que o seu governo "vai mudar a realidade" daquela região e que ele fará questão de deixar como legado a extinção dessa favela no DF. "O Sol Nascente é uma cidade", completou.

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No Sol Nascente, as obras estão em estágio mais adiantado e devem ser concluídas ainda este ano | Foto: Matheus H. Souza/Agência Brasília
Sol Nascente quase concluído

Segundo as contas do próprio GDF, na parte do Sol Nascente - que tem cerca de 70% dos moradores da RA - os investimentos já ultrapassam os R$ 630 milhões, e vêm sendo feitos desde 2019. Os recursos têm resultado em melhorias concretas para os moradores, que hoje contam com 95% de cobertura de água potável e com rede de esgoto.

O crescimento populacional da região — que saltou de cerca de 7 mil habitantes em 2000 para quase 100 mil atualmente — exigiu atenção redobrada do GDF, que passou a priorizar a urbanização da cidade.

No Trecho 2, praticamente 100% das obras foram concluídas com investimento de R$ 68 milhões. Agora, o foco está na execução de pavimentação asfáltica, drenagem, sinalização horizontal e vertical, calçadas, meios-fios e bacias de detenção nos Trechos 1 e 3 – este último, o maior e mais complexo, dividido em três diferentes lotes.

Além da pavimentação e da drenagem, o governo também avança em obras de saneamento básico e instalação de equipamentos públicos. Já foram entregues duas creches e dois restaurantes comunitários, além de um conselho tutelar em funcionamento. Estão em fase de construção uma unidade da Casa da Mulher Brasileira e uma nova rodoviária.

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O secretário de Obras do DF, Valter Casimiro, apresenta à população do Pôr-do-Sol o projeto de urbanização e infraetrutura do bairro | Foto: Divulgação/Secretaria de Obras
A vez do Pôr-do-Sol

Ontem, técnicos da Secretaria de Obras e Infraestrutura apresentaram detalhes do projeto que promete requalificar completamente a região do Pôr-do-Sol, trazendo pavimentação, drenagem e mobilidade ativa para os moradores. O custo para essa etapa está orçado em mais de R$ 80 milhões.

O projeto prevê ao todo a pavimentação de 150 vias urbanas, o que representa 27 quilômetros de novo pavimento. O tipo de revestimento será definido de acordo com a largura das vias: ruas com mais de seis metros receberão asfalto, enquanto as vias mais estreitas serão contempladas com blocos intertravados, garantindo resistência e melhor drenagem superficial.

Além disso, o conjunto de obras inclui 22 quilômetros de redes de drenagem pluvial, 5 quilômetros de ciclovias e a construção de 93 mil metros quadrados de calçadas em concreto, oferecendo mais segurança e acessibilidade para pedestres e ciclistas.

Durante a apresentação, o subsecretário de Projetos, Carlos Maciel, e o secretário de Obras, Valter Casimiro, responderam a diversas perguntas dos moradores e esclareceram pontos técnicos e operacionais do projeto. O evento foi marcado por diálogo aberto e pela reafirmação de compromissos públicos.

"O governador Ibaneis Rocha foi claro: as obras no Pôr-do-Sol têm que começar ainda este ano. É uma determinação dele e é um compromisso nosso. Estamos trabalhando com empenho para cumprir essa ordem, com o início das obras previsto para outubro", afirmou o secretário Valter Casimiro.

A obra será executada em dois lotes, com licitação do primeiro previsto para o mês de julho. O edital do segundo lote deve ser publicado em outubro, mês em que também está programado o início das intervenções, logo após a conclusão do processo licitatório.

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A comunidade do Pôr-do-Sol acompanhou a audiência em que foi apresentado o projeto | Foto: Divulgação/Secretaria de Obras