RODOVIÁRIA SOB NOVA GESTÃO (2)
Concessionária Catedral definiu ontem os valores que serão cobrados para quem estacionar nas 2.902 vagas localizadas na Rodoviária do Plano Piloto e nas áreas próximas. Os preços dependem do local do estacionamento. Cobrança começa a partir da primeira semana de julho
EXCLUSIVO - A Concessionária Catedral, que administra a Rodoviária do Plano Piloto desde o dia 1º de junho, definiu ontem os valores que serão cobrados para quem estacionar nas vagas localizadas no entorno do terminal, além das que ficam próximas nas plataformas superiores e inferiores ao lado do Conjunto Nacional e do Conic, no Setor de Diversões. Ao todo, são 2.902 vagas.
Quem estacionar próximo ao Conjunto Nacional (tanto na parte superior, em frente ao Teatro Nacional, quanto na inferior, voltada para o Setor Hoteleiro Norte) pagará o valor de R$ 12 a hora. São 1.179 vagas abarcadas por essa tarifa.
"Fizemos um acordo com o shopping para não cobrar valores díspares do que é cobrado lá", explicou o gestor da Catedral, Enrico Capecci. O Conjunto Nacional cobra R$ 15 por hora estacionada em sua garagem (coberta).
Já os motoristas que optarem por estacionar próximo ao Conic (1.015 vagas) e na plataforma superior voltadas para o Setor de Diversões Sul (outras 708 vagas), pagarão R$ 7 reais a hora.
A cobrança começará a partir da primeira semana de julho (até o dia 5), segundo a Catedral. Serão oferecidos pacotes para uso por diária ou para mensalistas. Todos os carros estacionados na área sob concessão estarão segurados.
Ah... importante: como os estacionamentos que ficam nas partes inferiores do Conjunto Nacional e do Conic também servem para permitir acesso a outras áreas da cidade, Enrico disse que será implantado o sistema de travessia sem pagamento. Ele disse que serão feitas obras para reposicionar a pista de tráfego de carros, para reduzir a travessia de pedestres entre elas.
Ambulantes devem ser retirados até este prazo
Se o GDF mantiver o acordo feito com a Concessionária Catedral, o governo terá até o início de julho para retirar os ambulantes que ora ocupam parte do estacionamento no piso superior, voltado para o Teatro Nacional. Inicialmente, o prazo acordado para a retirada completa dos ambulantes foi no final de maio, mas a Secretaria de Governo do DF pediu mais 30 dias de prazo, uma vez que não havia conseguido uma solução.
"Brasilianas" revelou, há duas semanas, que o GDF aguarda uma decisão do Governo Federal para obter a cessão do Shopping Popular, localizado junto à antiga Rodoferroviária. O local, hoje abandonado, está sob responsabilidade do Governo Federal desde 2017. Ideia é recuperar a estrutura (que tem 1.800 pontos de venda) e deslocar para lá os ambulantes que estão na Rodoviária e em outros pontos do Plano Piloto.
À coluna, o secretário de Governo, José Humberto Pires, afirmou que os ambulantes que estão na Rodoviária serão deslocados de lá até a data acertada com a Concessionária Catedral. Enquanto não se define o futuro do Shopping Popular, eles seriam atendidos em áreas pré-definidas junto aos órgãos responsáveis pela gestão do Patrimônio do DF, como as secretarias de Desenvolvimento Urbano, da DF Legal e mesmo a seção do DF do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O secretário não quis adiantar quais seriam essas áreas.
Cobranças previstas em contrato
Além dos estacionamentos e do aluguel das 143 lojas espalhadas pelo terminal, outra fonte de receita para o Consórcio Catedral é a chamada "tarifa de acostamento". Cada vez que um ônibus chega ou sai do terminal rodoviário, é cobrada da empresa uma tarifa relativa ao valor de uma passagem - no caso, o GDF paga R$ 5,50 por cada uma.
Esse valor chegou a causar problemas com os ônibus do Entorno que param na rodoviária. Isso porque as tarifas deles varia entre R$ 8 e R$ 12. As empresas ameaçaram entrar na justiça para barrar o pagamento.
"Brasilianas" apurou que na semana passada, após meses de negociação e com a intervenção direta do governador Ibaneis Rocha (MDB), as empresas de transporte que operam no Entorno do Distrito Federal aceitaram pagar o mesmo valor (R$ 5,50) como taxa de acostagem para embarque e desembarque de passageiros.
O acordo estabelece um prazo de 90 dias para o início da cobrança. Na prática, as empresas só passarão a recolher o valor a partir de outubro deste ano. Até lá, os débitos referentes ao uso do terminal serão contabilizados e deverão ser quitados no início da cobrança.
A cobrança do estacionamento e das chamadas "taxas de acostamento" estavam previstas desde o edital que ofertou o terminal rodoviário, em 2019. Embora não estipulassem os valores com exatidão, as regras para seus cálculos foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do DF e pela Câmara Legislativa do DF.
Recursos arrecadados x Investimentos no terminal
Na edição de ontem, "Brasilianas" anunciou uma série de mudanças (positivas) no terminal, que incluem novos painéis para informação dos horários e linhas dos ônibus, que terão "padrão aeroporto", além de padaria, academia, espaço para amamentação e de atendimento a pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Isso além da recuperação das escadas rolantes, elevadores e dos banheiros.
Em breve, também começarão a ser feitas as obras "invisíveis" aos olhos do usuários: a recuperação da estrutura do terminal. Parte dela está comprometida pelos anos e desgaste natural. Esta coluna teve acesso a algumas imagens, que mostram rachaduras e fissuras, além de vazamentos e infiltrações.
Esse trabalho começará em breve, assim que forem concluídos os diagnósticos da engenharia. O cronograma físico financeiro do projeto prevê que a concessionária deverá investir R$ 55 milhões nos primeiros quatro anos para a recuperação estrutural da edificação.
A modernização - que além das melhorias já citadas, terá ainda um novo terminal para o BRT, no vão central - deverá ficar pronta em três anos, com investimentos de R$ 48,5 milhões.
A Concessionária Catedral adiantou o cronograma previsto no contrato e, em vez de três anos, já investiu parte dos R$ 8 milhões previstos para a implantação do centro de controle operacional, que garante a segurança do espaço.
"O investimento de R$ 120 milhões pode chegar a R$ 150 milhões. Eles vão fazer toda a reforma estrutural da rodoviária e isso desonera o governo, porque a gente deixa de fazer a aplicação desse dinheiro e ainda recebe 12,33% de toda receita auferida pelo consórcio. Cabe a nós, da Semob, cobrar, fiscalizar e obter ainda o resultado dessa outorga que virá para a receita do DF", afirmou o secretário de Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves.