O paulista Enrico Capecci prefere ele mesmo conversar, com cada um dos colaboradores e parceiros comerciais. "É uma atividade indelegável", afirma
Chama a atenção a conduta de trabalho do paulista Enrico Capecci, 41 anos, nascido em Avaré. Ele tem um perfil diferente do que costumamos ver dentre os grandes executivos de Brasília. Calmo, ponderado, gosta de conversar e, principalmente, de ouvir. E, com argumentos técnicos, não foge a nenhuma pergunta.
Engenheiro civil que se especializou em concessões de serviços rodoviários, acabou sendo contratado pela RZK e se destacou no grupo, tornando-se diretor. Ele conta que, ao ler a notícia de que a Rodoviária do Plano Piloto seria privatizada, organizou uma visita técnica, veio a Brasília e se interessou pelo que estava sendo proposto. Convenceu a empresa a entrar na concorrência nacional e montou o Consórcio Catedral - que, agora, com o contrato, passa a ser a Concessionária Catedral.
A RZK atua em 85 terminais rodoviários e de metrô, principalmente em São Paulo. "Mas nenhum deles tem a complexidade e a dimensão da Rodoviária do Plano Piloto de Brasília", afirmou.
Nos detalhes, cuidados com Brasília
Enrico Capecci cita os cuidados que a empresa tem com o novo contrato e com Brasília. Cita, por exemplo, os projetos para os novos terminais do BRT, que serão construídos ainda este ano. "Fizemos quatro propostas e encaminhamos a todos os órgãos do DF que estão envolvidos com o patrimônio e com as regras da cidade. Serão eles que irão aprovar o modelo e faremos os ajustes que eles pedirem", diz Enrico.
Num gesto que demonstra respeito, afirmou: "Quem somos nós para desenhar e impor alguma coisa numa cidade que é Patrimônio Cultural da Humanidade?"
Enrico diz que o modo de trabalho da RZK, que é uma holding familiar, reflete o perfil do proprietário, "Seu Zé Rezek", de 72 anos. Segundo Enrico, ele sofreu um acidente, ficou tetraplégico, mas conseguiu recuperar parte dos movimentos e, até hoje, comanda pessoalmente o conglomerado de empresas (que vai além das concessões e trata de agronegócio, máquinas, soluções e equipamentos agrícolas, telecomunicações e IOT, além de comercialização e geração de energia, de mídia digital e de empreendimentos imobiliários).
"Temos o compromisso de contribuir para o desenvolvimento das pessoas e do Brasil", afirma Enrico, repetindo o mantra da empresa. "Seu Zé é um sujeito incansável, é uma fonte de inspiração para todos, e é dele esse forma de tratamento individual, de cuidado".
Virão mudanças nos layouts das lojas
Como exemplo dessa ação, é o próprio Enrico quem está conversando, um a um, com os 143 lojistas que atuam na Rodoviária de Brasília. "Uma vez contratamos uma imobiliária para fazer essas negociações, mas chegamos à conclusão que esta é uma atividade indelegável. Nos interessa conhecer as pessoas, cada uma particularmente, e trazê-las para o empreendimento."
E completa: "Eu não apresento um preço de aluguel, uma tabela por metro quadrado de uso, mas pergunto ao empresário: 'Quanto dá pra pagar?'", explica o gestor, que - segundo ele - tem se surpreendido com as respostas, que são praticamente todas dentro do esperado pela concessionária.
Com isso, ele quer o comprometimento de todos os que vão explorar espaços comerciais na Rodoviária com os novos tempos que estão sendo apresentados aos poucos. Entre eles, haverá a demanda de que todos os comerciantes vão padronizar as frentes das lojas, dentro de um gabarito que será apresentado oportunamente. Ele quer ainda que as lojas estejam abertas para atender os clientes.
"Se tem pessoas na rodoviária desde as 5 ou 6 da manhã, não faz sentido as lojas abrirem só às 8 da manhã", exemplifica. Enrico diz que a Catedral, junto com o Sebrae (parceiro da RZK) pode até mesmo prestar consultoria para os comerciantes. "Não nos interessa que ninguém tenha dificuldades. Queremos é que todos expandam seus negócios. Em São Paulo, temos vários cases de sucesso", completou.
E para aumentar o mix de ofertas de serviços, a Rodoviária deve ganhar em breve uma academia (tem duas franquias interessadas, segundo Enrico) e uma padaria. E além da sala de descompressão para pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que já está funcionando, haverá ainda um espaço apropriado para amamentação.