Espaço ao lado da antiga Rodoferroviária, hoje abandonado, está sob responsabilidade do Governo Federal desde 2017. Ideia é recuperar a estrutura (que tem 1.800 pontos de venda) e deslocar para lá os ambulantes que estão na Rodoviária
EXCLUSIVO - Sob pressão para retirar os camelôs que ocupam o estacionamento superior da Rodoviária do Plano Piloto até o final deste mês, o GDF decidiu reativar o camelódromo que funcionava no Shopping Popular, ao lado da antiga Rodoferroviária, disse a "Brasilianas" o secretário de Governo, José Humberto.
"Temos um prazo combinado de 30 dias com a Concessionária Catedral, que está gerenciando o terminal desde o dia 1º deste mês, de encontrar uma solução. E vamos cumpri-lo", disse o secretário. Segundo eles, as mudanças se darão por etapas.
"Mas vamos cuidar somente daqueles ambulantes que estão cadastrados, que querem atuar regularmente", insistiu o secretário. Hoje, são 128 os que se inscreveram e que estão na plataforma Superior da Rodoviária, segundo apurou esta coluna.
Primeiramente, esses ambulantes serão deslocados para pontos previstos num chamado "plano de ocupação" - que não foi apresentado nem detalhado à coluna. "Os ambulantes serão levados para locais escolhidos e que não ferem o patrimônio nem as regras urbanísticas", disse José Humberto.
Retomada do Shopping Popular
Enquanto isso, o GDF espera conseguir concluir o processo de cessão e retomar a gestão do terreno onde está o Shopping Popular. A área pertence à União e foi cedida ao GDF no ano de 2007, mas a cessão venceu em 2017.
Segundo José Humberto, a definição para a cessão do terreno ao GDF está em análise da ministra Ester Dwuek, da pasta de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Já teria tido o aval da Secretaria de Patrimônio da União (SPU).
"Não posso precisar uma data, mas as tratativas estão próximas de serem concluídas", disse José Humberto. A União quer que o GDF defina a destinação de uso, com projetos.
"Estaremos prontos para reativar o Shopping Popular, fazendo as melhorias necessárias", afirmou. Segundo ele, o GDF assumirá o espaço sem dívidas.
Atualmente, segundo a NeoEnergia, ainda há débitos em aberto por parte dos antigos feirantes - que estariam por volta de R$ 400 mil. "Essa é uma questão dos antigos usuários. O GDF não tem parte nessa história", destacou o secretário.
Histórico do espaço
Ano passado, a Câmara Legislativa do DF realizou uma audiência pública para discutir o futuro das estruturas do Shopping Popular - que seguem abandonadas. Autor da iniciativa da audiência, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) lembrou a história da criação do Shopping Popular.
O Shopping Popular tem 20 mil metros quadrados para a feira, com 1.800 pontos de venda, além de outros 20 mil metros quadrados de estacionamento no subsolo.
O espaço foi criado pelo então governador José Roberto Arruda pelo mesmo problema enfrentado hoje por Ibaneis Rocha: os ambulantes que ocupavam a Rodoviária do Plano Piloto e o Setor Comercial Sul.
"Aquela obra custou mais de R$ 12 milhões no governo Arruda. Depois, o governador Agnelo determinou a transferência de órgãos públicos para o local como forma de atrair as pessoas para o Shopping Popular.
Conseguimos colocar o Detran lá, o que beneficiou o próprio Detran, pois não precisaria mais pagar aluguel. Conseguimos ainda levar para lá uma agência do BRB e estávamos discutindo a implantação de uma unidade do 'Na Hora' no local. Infelizmente, o BRB já saiu de lá e o 'Na Hora' nunca foi implantado", contou.
Com a transferência, em 2010, dos serviços da Rodoferroviária para o Terminal Interestadual de Brasília, o movimento caiu drasticamente, ficando quase abandonada.
Como atrair público?
"Brasilianas" apurou que o GDF quer justamente retomar esse projeto inicial: colocar lá novamente uma unidade de atendimento do Detran e um posto do "Na Hora". Mas, com nos novos tempos digitais, quase todos os serviços ofertados pelos dois órgãos estão disponibilizados pela internet, o que torna pouco atrativo o deslocamento das pessoas até lá.
"Brasilinas" afirma: tornar o Shopping Popular novamente um local atraente será o maior desafio do GDF, muito além de recuperar as estruturas. Convencer os ambulantes de que será lucrativo ocupar aquele espaço é o crucial.
Se o projeto do VLT do Entorno (trem de passageiros) que se discute a anos sair do papel, a atual Estação Rodoferroviária (que está desativada para essa função de tranporte) poderá ser retormada. Tanto o ponto final como o pátio de manutenção da linha, que ligará o DF até Luziânia (GO) está prevista para este local.
E, de lá, deverão sair linhas de ônibus para fazer a conexão com os demais modais de transporte - inclusive com a futura nova linha do Metrô, que deverá ligar a Esplanada dos Ministérios ao Gama e Santa Maria (e que passará pelo Eixo Monumental, entrando até o Cruzeiro).
Assim, o Shopping Popular poderá ter, novamente, público. E o GDF resolvido vários problemas. Oxalá assim o seja!
