Desde 2008, a entidade tenta obter o espaço para construir sua sede. Projeto enviado pelo GDF ganhou urgência na Câmara Legislativa ontem. A ideia é assinar a concessão até o dia do aniversário de 107 anos do artista, em 2 de julho
Depois de 17 anos de idas e vindas, e de várias propostas não concretizadas, a Fundação Athos Bulcão está próxima a (enfim) receber o terreno público para a construção de sua sede e, assim, poder divulgar o trabalho do artista - que ficou mundialmente conhecido por suas estampas em azulejos, como o da Igrejinha da 308 Sul.
Após cumpridas as etapas de autorizações dos órgãos responsáveis pelo Patrimônio Histórico e da realização de audiência pública, há quase um ano, na última segunda-feira (9) o governador Ibaneis Rocha (MDB) enviou à Câmara Legislativa o projeto de lei que autoriza a concessão de uso de um terreno público para a construção da sede da Fundação Athos Bulcão.
O imóvel, com área de 1.225 metros quadrados, está localizado no Setor de Divulgação Cultural (SDC) - no chamado Eixo Ibero-Americano, área nobre de Brasília voltada para instituições culturais.
Atualmente, a Fundação Athos Bulcão funciona em um espaço alugado na 510 Sul. A nova sede permitirá ampliar as ações da entidade. A concessão terá prazo de 35 anos, podendo ser prorrogada por igual período. Em contrapartida, a Fundação será responsável por todas as despesas relativas ao projeto arquitetônico, construção, licenciamentos e tributos, além da obtenção das autorizações necessárias junto aos órgãos competentes.
Projeto ganhou urgência
Ontem, a presidente da Fundação, a jornalista Márcia Zarur, esteve na Câmara Legislativa do DF para articular a aprovação da proposta. "O projeto já foi lido e deve passar com facilidade, com o apoio de todas as vertentes políticas", disse ela à "Brasilianas".
Entre os deputados - segundo Márcia Zarur -, há a expectativa de que a votação aconteça na próxima semana, porque já obteve o pedido de urgência para votação. Tão logo aprovado pelos deputados distritais, o projeto vai à sanção do governador Ibaneis Rocha.
"Estamos na expectativa que até o dia 2 de julho, quando o artista Athos Bulcão completaria 107 anos, possamos ter a conclusão deste longo processo", completou a presidente da entidade. Ao enviar o texto para a Casa legislativa, Ibaneis Rocha disse atender "a uma demanda de décadas dos responsáveis por manter vivo o legado de Athos Bulcão".
Nova sede já está desenhada desde 2009
O projeto da nova sede foi assinado pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, colaborador de longa data de Athos Bulcão e o mesmo arquiteto que projetou os hospitais da Rede Sarah em todo o país. Ele projetou o espaço em 2009.
A estrutura inclui um teatro/auditório com 180 lugares, salas multiuso, café, loja, museu e galeria, com coberturas onduladas formando uma grande claraboia que iluminará o salão de exposições.
Passada a (esperada) concessão, a próxima etapa será a de levantar fundos para a edificação do projeto. O projeto de Lelé Filgueiras deve custar R$ 8 milhões. O prédio proposto por ele para ser a sede da fundação ocupa 70% do lote. Nos restantes 30%, foram previstos jardins que se integram à área da administração e um café.
O imbróglio sobre a concessão do terreno começou no dia 31 de julho de 2008. Naquela data, há quase 17 anos, quando da morte do artista plástico, foi prometida a construção de um repositório para o seu acervo. Entre idas e vindas, promessas e doações, houve até "desdoações" - segundo a secretária-executiva da Fundação, Valéria Cabral.
A atual proposta vem sendo debatida há vários anos e, em 12 de julho do ano passado, foi promovida uma audiência pública, no auditório do Museu Nacional da República, para tratar do assunto. Na ocasião, autoridades e membros da sociedade civil manifestaram apoio à concessão do terreno, destacando a importância da Fundação na preservação e divulgação da obra do artista plástico Athos Bulcão.
