Em comparação com todas as Unidades da Federação, o DF teve a segunda menor letalidade provocada pela combinação entre álcool e direção, em 13 anos de Lei Seca
A taxa de mortes por acidentes de trânsito relacionados ao uso de álcool caiu 24% no Brasil desde 2010. Os índices fazem parte de uma pesquisa realizada pelo Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), com base em dados de 2023 do Datasus, do Ministério da Saúde e do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica). O estudo foi realizado por causa do Maio Amarelo, mês de conscientização sobre violência no trânsito.
A pesquisa, divulgada na semana passada, mostra que a taxa de mortes em sinistros provocados por quem bebeu e dirigiu em 2010 era de 7,58 óbitos por 100 mil habitantes. Em 2023 (dado mais recente), caiu para 5,79.
No Distrito Federal, o índice em 2023 foi de 3,90 óbitos por 100 mil habitantes. Está apenas um décimo acima do menor índice, que foi registrado no Acre (que foi 3,80).
Na ponta oposta, o maior índice de letalidade foi registrado no Tocantins — naquele Estado, o índice foi de 12,8 óbitos por 100 mil habitantes. A comparação começou a ser feita a partir do segundo ano de promulgação da Lei Seca, em 20 de junho de 2008.
Psiquiatra e presidente do Cisa, Arthur Guerra, lembra que o Brasil é um dos poucos países a estabelecer tolerância zero para a direção de veículos e a Lei Seca vem diminuindo a mortalidade no trânsito.
"No entanto, é um país de tamanho continental e há cenários bem distintos, por isso a importância de monitorar de perto os dados regionais", afirma. "Ao olhar para suas realidades, os gestores públicos podem propor soluções para avançar na prevenção das ocorrências de trânsito de seus estados e cidades mais sensíveis", diz.
"Mudança positiva no comportamento"
Para o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), os dados demonstram uma consciência maior da população no quesito beber e dirigir. Equipes de policiamento e fiscalização de trânsito têm presenciado um maior uso de outras opções de transporte por parte dos frequentadores de bares e baladas.
A mudança de comportamento tem influenciado na queda de flagrantes da infração de dirigir sob influência de álcool. Em 2024, 20.812 condutores foram autuados por esse motivo, enquanto em 2023 foram registrados 26.422 flagrantes, uma redução de 21%. Os dados se referem às autuações realizadas por todos os órgãos que fiscalizam o trânsito do Distrito Federal.
"Estamos percebendo uma mudança positiva no comportamento dos condutores, que têm buscado alternativas mais seguras ao invés de arriscar a própria vida e a dos outros ao dirigir sob efeito de álcool", disse a "Brasilianas" o diretor-geral do Detran-DF, Marcu Belini.
Segundo ele, apesar da redução expressiva nos flagrantes, ainda há muito a ser feito. "Por isso, seguimos firmes, com ações educativas, fiscalizações integradas e processos rigorosos de suspensão do direito de dirigir, utilizando tecnologia de ponta para garantir mais eficiência. Nosso compromisso é claro: preservar vidas e tornar o trânsito do Distrito Federal cada vez mais seguro."