Por: William França

BRASILIANAS | Censo revela que 1,2% da população do DF tem autismo

Das pessoas diagnosticadas com autismo, as crianças de 6 a 14 anos são as que mais frequentam a escola, no DF | Foto: Nova Escola

Dados foram compilados pela primeira vez pelo IBGE. Em números absolutos, corresponde a pouco mais de 34 mil pessoas. Quando é observado o ambiente escolar, os alunos com TEA representam 1,7% dos alunos do DF

O Censo 2022 do IBGE trouxe, pela primeira vez, dados sobre pessoas com autismo, a partir de um quesito incluído no questionário da amostra. Nele, o informante do domicílio indicava se algum morador havia recebido diagnóstico de autismo por um profissional de saúde.

Os resultados, divulgados na semana passda, revelaram que no Brasil, 2,4 milhões de pessoas declararam ter recebido esse diagnóstico. A prevalência foi maior entre os homens (1,5%) do que entre as mulheres (0,9%), o que corresponde a 1,4 milhão de homens e 1 milhão de mulheres.

No Distrito Federal, os resultados indicaram que 34,1 mil pessoas declararam ter recebido diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), o que corresponde a 1,2% da população brasiliense. No ranking nacional, o Distrito Federal aparece na 15ª posição, dentre as 27 unidades da federação.

Entre os brasilienses, assim como em todo o país, a prevalência foi maior entre os homens (1,6%) do que entre as mulheres (0,9%), o que equivale a 21,1 mil homens e 13,1 mil mulheres com diagnóstico declarado de autismo.

Entre os grupos etários, a prevalência de diagnóstico de autismo foi maior entre as crianças: 2,1% no grupo de 0 e 4 anos de idade, 2,8% de 5 e 9 anos e 1,8% de 10 e 14 anos.

Esses percentuais representam, ao todo, 12,0 mil crianças de 0 a 14 anos com autismo na capital federal. Nos demais grupos etários, os percentuais oscilaram entre 0,8% e 1,3%.

 

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Gráfico demonstra comparação entre estudantes, homens e mulheres, com e sem o diagnóstico de autismo, de acordo com a faixa etária | Foto: Censo 2022/IBGE

Frequência à escola

Em 2022, o Distrito Federal contava com cerca de 709,4 mil estudantes de 6 anos ou mais de idade. Dentre esse contingente, aproximadamente 11,7 mil foram identificados como tendo diagnóstico de autismo, o que corresponde a 1,7% do total de estudantes de 6 anos ou mais de idade da capital federal.

Este percentual é superior à proporção de pessoas com diagnóstico de autismo na população geral do DF (1,2%), resultado condizente com a prevalência maior do diagnóstico entre a população em idade escolar, especialmente entre os mais jovens.

Na análise dos estudantes de 6 anos ou mais de idade diagnosticados com autismo, observou-se que o grupo de 6 a 14 anos concentrou a maior parcela de estudantes com esse diagnóstico: 65,3% dos homens e 44,4% das mulheres estudantes com autismo estavam nesse grupo de idade em 2022 no Distrito Federal.

Em comparação, os estudantes em geral nesse grupo de idade representavam 48,3% dos homens e 44,0% das mulheres do DF. Assim, entre as pessoas com autismo, essa etapa da educação básica apresentou maior concentração relativa do que na população estudantil total da capital federal.

Nos demais grupos de idade, a relação se inverte: os percentuais de estudantes com autismo são menores do que os do total de estudantes no Distrito Federal. Uma exceção aparece entre as mulheres com 25 anos ou mais: entre as mulheres estudantes com autismo, essa faixa etária representava 29,1%, proporção que era de 24,2% entre o total de mulheres estudantes, sugerindo que parte das mulheres com autismo pode estar retomando ou prosseguindo os estudos em idade adulta, possivelmente por meio da educação de jovens e adultos ou ensino superior.

No Distrito Federal, quando se observa a taxa de estudantes com autismo em relação ao total de matriculados por curso, a alfabetização de jovens e adultos se destacou com o maior percentual: 8,0% dos seus frequentadores declararam esse diagnóstico.

Na creche, 2,6% das crianças possuem diagnóstico, proporção acima da média da capital federal (1,7%). Esses dados apontam que a trajetória escolar dos estudantes com autismo está concentrada nas etapas iniciais da educação básica.

Já no ensino superior de graduação, esse percentual cai para 1,1%, refletindo os desafios enfrentados por estudantes com autismo para permanecer e progredir ao longo da trajetória educacional, sobretudo diante de barreiras de acesso, adaptação curricular e apoio institucional adequado.

Taxa de escolarização

De acordo com o Censo Demográfico 2022, no Distrito Federal, a taxa de escolarização da população com autismo (40,1%) foi superior à observada na população geral (27,1%). Essa diferença foi mais expressiva entre os homens: 46,2% dos homens com autismo estavam estudando, frente a 27,9% dos homens em geral. Entre as mulheres, a taxa de escolarização foi 31,2% entre aquelas com autismo, ante 26,4% no total.

De acordo com o Censo Demográfico 2022, no Distrito Federal, a distribuição percentual das pessoas de 25 anos ou mais de idade, segundo o nível de instrução, indicou que 30,1% das pessoas com diagnóstico de autismo estavam no grupo sem instrução e fundamental incompleto, enquanto, na população geral, esse percentual foi de 19,2%.

Para os demais níveis de instrução, os percentuais da população com autismo foram inferiores aos observados na população geral. Destaca-se o grupo com ensino médio completo e superior incompleto, no qual 27,5% das pessoas com autismo se encontravam, frente a 33,0% da população total da capital federal.

Na desagregação por sexo, observou-se uma leve predominância masculina entre as pessoas com autismo de 25 anos ou mais de idade no Distrito Federal, que representavam 51,2% desse grupo. Entre os homens com autismo, 32,0% eram sem instrução e fundamental incompleto, proporção superior à das mulheres (28,1%).

Já no nível de escolaridade médio completo e superior incompleto, a proporção de mulheres era maior: 29,4% frente a 25,6% dos homens. Por outro lado, no nível de escolaridade mais elevado, o ensino superior completo, a situação se inverte: 33,7% dos homens com autismo haviam concluído essa etapa, frente a 30,7% das mulheres na capital federal.