Por: William França

BRASILIANAS | O brasiliense continua tendo 'cabeça, tronco e rodas'. E agora, a maioria tem PET em casa

Cães e gatos lideram as preferências do brasiliense por PETs, presentes em 55% dos lares do DF | Foto: Divulgação/Sema-DF

QUEM É O BRASILIENSE (IV)

A relação do brasiliense com os veículos continua intensa. E, agora, também, com os animais de estimação: 55% dos domicílios tem pelo menos um cão, gato ou pássaro como PET

A relação do brasiliense com carros, motos e bicicletas, e o gosto dos moradores do DF por criar animais em suas casas, aparecem como destaque nesta quarta (e última) etapa do levantamento sobre o perfil do brasiliense, organizada por 'Brasilianas'. O compilado foi feito a partir dos dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios Ampliada (PDAD-A) de 2024, feita pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF) e divulgada em abril.

A análise reforça uma máxima de quem vive no Quadradinho: a de que "o brasiliense é formado por cabeça, tronco e rodas". Isso porque praticamente toda a população possui ao menos um veículo, seja ele carro ou moto (ou bicicleta).

E, por conta das distâncias entre as várias áreas (sobretudo com a segmentação de áreas comerciais), geralmente deixa de ir a pé para resolver alguma coisa e vai motorizado. Daí o número expressivo de veículos no DF. Em termos de automóveis per capita, o DF ocupa o 1º lugar no país, com 70% da população motorizada.

Vejamos: os últimos dados fornecidos pelo Detran-DF indicam que. em 2024, havia 2.097.440 veículos registrados e em circulação no DF - 66,6% deles eram carros (2.097.440) e 13,2% motos (278.490). Num comparativo com o ano de 2021, quando foi feita a PDAD-A anterior, houve um crescimento de 114.730 veículos na cidade.

Mas... por mais paradoxal que seja, houve redução no percentual dos brasilienses que têm carro e moto, no comparativo entre as duas pesquisas. Vamos aos números: em 2024, 63,7% dos brasilienses declararam possuir pelo menos um automóvel. Eles eram 69,1% em 2021 (queda de 5,4 pontos percentuais).

Quando o levantamento é sobre motocicletas, o percentual também reduziu, porém numa escala menor: era 9,4% em 2021 e agora caiu para 8,9%.

E o que aumentou foi o número dos brasilienses que têm bicicleta: passou de 33,6% em 2021 para 36,9% em 2024.

Onde estão os veículos?

Do grupo que declarou que possui pelo menos um automóvel, o destaque é para os moradores do Lago Sul, em que quase a totalidade dos domicílios (98,5%) têm carro na garagem. Depois, aparecem os moradores do Park Way (com 91%), seguidos bem de perto pelos residentes no Jardim Botânico, Lago Norte e Plano Piloto (todos com mais de 80%).

Os que possuem motocicleta estão, em sua maioria, no SIA (16,7%), com empate técnico para os residentes no SCIA/Estrutural, Água Quente, Sol Nascente/Pôr do Sol e Fercal, todos com percentuais próximos a 13%), mais altos do que a média do DF.

A turma que prefere as bicicletas soma 36,9% dos moradores do DF. Os ciclistas se concentram no SCIA/Estrutural (61,6%), Park Way, Lago Sul, Jardim Botânico e SIA.

Nesta aborgagem, cabem algumas curiosidades: em algumas RAs, existem mais bicicletas do que automóveis. É o caso do SCIA/Estrutural (61,6% posse de bicicleta contra 39,1% de posse de automóveis) e do caçula Arapoanga (47,9% posse de bicicletas contra 46,9% de posse de automóveis).

O caso do SCIA/Estrutural chama ainda mais a atenção porque, segundo a ONG Rodas da Paz, embora existam algumas ciclovias na Estrutural, elas não estão conectadas entre si ou com as ciclovias de outras regiões, limitando o uso da bicicleta para deslocamentos mais longos. "A Rodas da Paz destaca que a Estrutural tem uma alta dependência da bicicleta como meio de transporte, e a organização tem feito denúncias sobre a falta de infraestrutura cicloviária e reivindicado a construção de ciclovias interconectadas e mais seguras na Estrutural", afirma o manifesto da organização.

Como o brasiliense vai trabalhar?

Outro levantamento que pôde ser feito a partir da PDAD-A 2024 é de como o brasiliense vai trabalhar. Segundo o levantamento, 43,6% dos moradores do DF usam automóvel para ir ao trabalho. Destaque nesse quesito para o Lago Sul (89,3%), seguido do Park Way, Lago Norte, Jardim Botânico e Sudoeste/Octogonal.

Já outros 31% dos moradores do DF usam ônibus para trabalhar. Destaque para os residentes em Santa Maria (59,6%), seguidos de perto por Arapoanga, São Sebastião, Recanto das Emas e Itapoã. Em todas essas RAs, mais da metade da sua população depende do transporte público urbano.

Os que usam motocicleta para trabalhar somam 3,8% da população, e estão localizados no SCIA/Estrutural (7,7%), seguidos pelas regiões administrativas da Fercal, Sol Nascente e Pôr do Sol, Água Quente e São Sebastião.

Essas duas modalidades acima (os que usam ônibus e os que usam motocicleta para trabalhar) indicam ainda quais as regiões administrativas em que há maior carência no transporte público para percorrer médias e longas distâncias.

Isso porque outros 2,3% da população usam bicicleta e outros 2,9% se valem do metrô para se deslocar até o trabalho. Ou seja: são casos em que as distâncias são menores (bicicleta) ou que já tem um modal importante para o deslocamento (metrô). Lembrando que os trens do metrô estão limitados às regiões de Ceilândia e Samambaia e a conexão delas com o Plano Piloto.

Mas alguns brasilienses (sortudos, na minha opinião) vão a pé para o trabalho. Eles somam 13,4% do total. A maioria deles está em Brazlândia (24,1%), seguidos pelos moradores da Candangolândia, Varjão, Núcleo Bandeirante e Planaltina.

O brasiliense e os PETs

A maioria dos lares brasilienses tem um PET em casa. Somam 55% em 2024 - bem acima dos 49,6% registrados em 2021. Se formos olhar em números absolutos, significa que mais de 678 mil dos 1,2 milhão de domicílios no DF tem pelo menos um animal de estimação.

Quando olhamos o total de PETs, o recordista é o Park Way. Lá, em pelo menos 73,9% dos domicílios registram ter um PET "como membro da família". É seguido de perto pelos moradores de Vicente Pires, Lago Sul, Jardim Botânico e Sol Nascente/Pôr do Sol.

Também é no Park Way que o DF registra o maior número de cachorros: 63,8%. Bem acima dos demais colocados Vicente Pires, Sol Nascente e Pôr do Sol, Jardim Botânico e Planaltina, em que mais de 55% dos lares têm cachorro. Em tempo: a média é 45,8% dos lares com caninos no DF.

Os felinos estão presentes em 13,3% dos lares do DF. Novamente, o Park Way é o que mais registra lares para os gatos brasilienses, com 21,6% do total, seguido de perto pelo SCIA/Estrutural. Depois aparecem Lago Norte, Lago Sul e Sobradinho II.

Quando o assunto é criar aves, Planaltina é absoluta, com 11,7% dos lares. Mas Recanto das Emas, Sol Nascente/Pôr do Sul, SCIA/Estrutural e Ceilândia também têm um percentual alto de aves em seus domicílios, até mesmo acima da média do DF, que é e de 6,3%.

E quantos PETs por casa?

A pesquisa 2024 também mapeou a quantidade de PETs que tem em cada domicílio no DF. Em 50,4%, os moradores têm apenas um PET em casa. Esse é o universo representado pelos moradores do Sudoeste/Octogonal (67,3%), seguidos bem de perto dos moradores do Cruzeiro. Depois vem Taguatinga, Águas Claras e Plano Piloto.

Os lares com dois PETs somam 24,6%, com destaque para o Lago Norte (35,1%). Com três PETs, aparece a região administrativa do SCIA/Estrutural, com 13,3%, enquanto a média do DF é de 10%.

Quando o assunto é ter quatro ou mais PETs, o Park Way volta a liderar, com 24,7% dos lares. Fica próximo aos percentuais anotados em Planaltina, Fercal, Vicente Pires e Jardim Botânico. Em tempo: no DF como um todo, do total de domicílios 15,1% abrigam quatro ou mais PETs.

Macaque in the trees
Quem é o Brasiliense - etapa IV | Foto: Brasilianas