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"Amuleto" abre 5º Festival Mate com Angu de Cinema

A abertura do 5º Festival Mate com Angu de Cinema acontece nesta quinta-feira (23) com uma noite especial de celebração. Após ter estreado na Premiére Brasil do Festival do Rio, o documentário "Amuleto", dirigido por Heraldo HB e Igor Barradas, do cineclube Mate com Angu (Duque de Caxias), foi escolhido para dar início à programação gratuita do 5º Festival Mate Com Angu de Cinema, reforçando a força e a relevância do cinema produzido na Baixada Fluminense. A abertura acontece às 20h desta quinta (23), no Gomeia - Galpão Criativo (Rua Doutor Lauro Neiva, 32 Duque de Caxias).

O documentário revisita o clássico "O Amuleto de Ogum" (1975), de Nelson Pereira dos Santos, filmado em Caxias, e resgata memórias de artistas da Baixada como Chico Santos, mostrando que a região não apenas serviu de cenário, mas também foi protagonista do cinema brasileiro. Gravado entre os bairros de Caxias e a Cinelândia dos trabalhadores do cinema popular - bilheteiros, lanterninhas, operadores de cabine e público das grandes salas - o filme é um manifesto sobre a força do cinema feito fora do eixo tradicional, trazendo entrevistas inéditas, arquivos raros e homenagens.

A noite de abertura do 5º Festival Mate Com Angu contará também com a exibição do curta "Dois Nilos", com direção de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro.

Para participar basta retirar ingressos gratuitamente pelo site: https://www.sympla.com.br/.

Baixada como
polo de Cultura

Um das produtoras do filme, Giordana Moreira, destaca a importância da estreia no Festival do Rio e a da exibição no Mate com Angu, ambas no Rio de Janeiro, sublinhando a resistência do setor audiovisual na Baixada Fluminense.

"O Amuleto estrear na Premiê Brasil do Festival do Rio é muito simbólico, de todo o movimento de décadas, de fazedores de cultura da região e muito da categoria do audiovisual na região, que encontra muitas dificuldades para conseguir se firmar. Porém, ele existe."

A chegada do filme é uma chance para que as pessoas "olhem para um cenário que já existe, só que existe nessa região." Giordana afirma que a equipe "conhece e acredita no potencial da Baixada Fluminense para ser um mercado de audiovisual, um cenário feito pelos moradores profissionais do audiovisual." Embora a regra seja "sair da região para ir para a capital" fazer cinema, a equipe permanece.

"O Amuleto chegar é apenas uma chance de que o mercado em si, do estado, do Brasil, olhe para essa região, enxergue a potência que a gente constrói a cada dia, que a gente acredita e que a gente sabe que é possível fazer um mercado, um cenário e um polo de cultura e criatividade do estado do Rio de Janeiro e do Brasil também."

Giordana diz ainda que o filme representa um passo importante ao trazer a linguagem e estética da periferia para o cinema.

"Outra questão do Amuleto é que hoje em dia essa linguagem autobiográfica e do cinema é feita pelas pessoas da periferia e com essa estética e linguagem e conteúdos que são importantes para a periferia é um primeiro passo."

"As pessoas consomem a estética, a linguagem da periferia, só que o Amuleto chegar no Festival [do Rio] ter sua estreia no Festival do Rio é um sinal que a gente precisa sim olhar para a periferia, mas para as pessoas que fazem na periferia e que a gente acredite não só, as pessoas vejam que não só podem consumir essa estética, mas sim a gente pode criar na periferia esse mercado. Criar trabalho, gerar renda e possibilitar que as pessoas da periferia consumam essa cultura que elas mesmo produzem."

A produtora conclui que a chegada do filme ao Festival do Rio é um "sinal desse desejo e dessa potência que a gente sabe e as pessoas ainda não."

Estética da Baixada em destaque

A roteirista Luisa Pitanga destaca a representatividade da estreia.

"Já estava mais do que na hora da Baixada estar representada no Festival do Rio. O cinema da periferia é pulsante e não tem volta."

Heraldo HB celebra a seleção como "a confirmação de que o cinema feito na Baixada Fluminense tem força, história e um futuro promissor," sendo o resultado de "anos de luta e resistência do Cineclube Mate com Angu", conta.

Da Capital para a estreia "em casa"

O documentário "Amuleto" nasceu e já tem uma trajetória memorável: após sessões aclamadas no Festival do Rio, e a seleção na competitiva Première Brasil, o filme celebra agora sua grande estreia "em casa".

Para o diretor Heraldo HB, o momento é de confirmação e celebração.

"A seleção para o Festival do Rio na Première Brasil é a confirmação de que o cinema feito na Baixada Fluminense tem força, história e um futuro promissor. E ainda celebra o resultado de anos de luta e resistência do Cineclube Mate com Angu, que, através da exibição de curtas e da oferta de oficinas de cinema, fortalece o audiovisual no território. Agora, a gente celebra o mote dessa edição do Festival Mate 'Bora se ver no Cinema'. E por isso, convidamos a todos, principalmente a Baixada", convida.

Além da história que resgata as raízes do cinema periférico, o diretor Igor Barradas revela que 'Amuleto' guarda um elemento surpresa.

"Uma trilha sonora original que dita o ritmo e a emoção, convidando o público a uma jornada sonora inesperada", finaliza.