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Vinte anos de arte e reflexão

Os atores Jorge Choairy (esq) e Cláudio Marconcine em 'Velhos Caem do Céu Como Canivetes', dramaturgia baseada em conto de Gabriel Garcia Marquez | Foto: Guto Muniz/Divulgação

APequena Companhia de Teatro, uma das mais importantes referências do teatro maranhense, ocupa o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro com uma temporada especial que celebra seus 20 anos de trajetória. Fundado em 2005, o premiado grupo, composto pelos atores Cláudio Marconcine e Jorge Choairy, pelo encenador Marcelo Flecha e pela produtora Katia Lopes, traz uma programação repleta de atividades que combinam espetáculos, debates, uma oficina e uma mostra artística. A ocupação ocorrerá no Teatro 3 do CCBB RJ até o dia 9 de junho e todas as atrações são gratuitas.

A temporada apresenta quatro espetáculos emblemáticos, cada um com uma proposta única, mas todos partindo da transposição de grandes obras literárias para o palco. "Velhos Caem do Céu Como Canivetes", baseado na obra de Gabriel García Márquez, abre a programação e fica em cartaz até 5 de maio. De 8 a 19 de maio, será a vez de "Pai & Filho", adaptação da obra de Franz Kafka. Em seguida, "Ensaio sobre a memória", inspirado nos textos de Jorge Luís Borges, estará em cartaz de 22 de maio a 2 de junho, e, por fim, "Desassossego", baseado nas obras de Fernando Pessoa, encerrará a ocupação de 5 a 9 de junho.

Além dos espetáculos, a programação conta com uma série de debates que ocorrerão após as apresentações, nos dias 3, 17 e 31 de maio, e 7 de junho. Esses encontros visam aprofundar a reflexão sobre os temas abordados nas obras e na prática artística do grupo. O CCBB também oferecerá sessões inclusivas com intérprete de libras, nos dias 27 de abril, 11 e 25 de maio, e 8 de junho, todas aos domingos, às 18h.

"No ano em que o Rio de Janeiro é a Capital Mundial do Livro, buscamos incluir na nossa programação projetos que dialoguem com a literatura. Os espetáculos da Pequena Companhia, inspirados em grandes textos da literatura mundial, contribuem para incentivar a leitura e fortalecer a conexão do público brasileiro com a arte literária", comenta Caroena Neves, Gerente de Conteúdo do CCBB RJ.

Marcelo Flecha, diretor da companhia, também expressa grande entusiasmo com a oportunidade de apresentar a obra do grupo no Rio de forma tão abrangente. "Estamos com uma grande expectativa, pois é a primeira vez que apresentamos nossa trajetória de maneira tão completa na cidade. Nossos espetáculos têm sempre um ponto de partida em debates sobre temas que queremos explorar em cena. A partir disso, iniciamos uma pesquisa em textos dramatúrgicos e literários, criando dramaturgias que fazem uma transposição desses textos para o palco. Entre os temas que abordamos, estão as relações de poder no núcleo familiar, o apagamento da memória, a fé e o exílio", detalha.

Além dos espetáculos, o público poderá conferir a Pequena Mostra de Teatro, uma exposição que reúne imagens, diários, ilustrações e outros materiais que retratam o processo de criação e desenvolvimento do grupo. A mostra estará em cartaz de 1º de maio a 9 de junho e ficará aberta de quarta a segunda, das 9h às 20h. A exposição destaca o conceito de artesania no teatro, o compromisso com a sustentabilidade e a pesquisa da linguagem teatral, com ênfase na dramaturgia do ator e no teatro como ferramenta de reflexão crítica.

"Nos 20 anos de carreira, desenvolvemos um método de treinamento de ator chamado 'Quadro de Antagônicos', que já foi objeto de estudos e oficinas em várias cidades do Brasil", explica Flecha. Esse método visa a construção de personagens que fogem da naturalidade convencional e exige uma abordagem física e intensa dos atores, criando figuras que desafiam as normas estabelecidas de atuação.

Os espetáculos da Pequena Companhia de Teatro têm a característica de dispensar recursos técnicos tradicionais oferecidos pelos espaços onde são apresentados. Cenários, iluminação artesanal e sonoplastia fazem parte das encenações e são adaptáveis a qualquer tipo de espaço, desde palcos italianos a espaços alternativos. Esse processo estético também será abordado na oficina "Artesanias iluminocenográficas: desenvolvendo tecnologia a partir da obsolescência", que será ministrada nos dias 30 de abril, 14 e 28 de maio. Flecha explica: "Essa oficina busca compartilhar nosso olhar crítico sobre a obsolescência programada, que também se reflete em nossas escolhas estéticas. Queremos mostrar como é possível criar uma tecnologia sustentável e criativa, sem depender dos recursos técnicos mais caros e convencionais."

SERVIÇO

VELHOS CAEM DO CÉU COMO CANIVETES

Teatro III - Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Primeiro de Março, 66 - Centro)

Até 5/5, de quinta a sábado e segunda (19h), domingos (18h) e segundas (19h) | Entrada franca