O último show de Ozzy Osbourne com o Black Sabbath, realizado no sábado passado no estádio do Aston Villa, em Birmingham (Inglaterra), marcou o fim de uma era no rock mundial. O evento "Back to the Beginning" celebrou a despedida do Príncipe das Trevas dos palcos, mas também representou um momento histórico para o metal, reunindo pela primeira vez desde 2005 a formação original da banda que criou o gênero: Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Terence "Gezzer" Butler e Bill Ward.
A apresentação ganhou dimensões épicas com a participação de bandas que moldaram diferentes gerações do rock pesado. Metallica, Slayer, Alice in Chains, Guns N' Roses, Smashing Pumpkins e Anthrax subiram ao palco para homenagear os criadores do heavy metal. Como observou a crítica do The New York Times, "a escalação do festival refletiu a natureza poliglota da comunidade do metal hoje, ilustrando uma espécie de árvore genealógica viva do gênero, com Black Sabbath como raiz".
Aos 76 anos e enfrentando as limitações impostas pelo Parkinson, diagnosticado há cinco anos, Ozzy demonstrou que sua presença magnética permanece intacta. O cantor permaneceu sentado em um trono preto durante toda a apresentação, mas sua performance continuou impactante. Durante "Mama, I'm Coming Home", sua luta para manter a afinação revelou-se "ao mesmo tempo dolorosa e comovente", segundo o The Guardian, que descreveu o momento como se ele "parecia à beira das lágrimas".
O setlist enxuto de quatro clássicos - "Iron Man", "N.I.B.", "War Pigs" e "Paranoid" - pode ter decepcionado alguns pela brevidade, mas cada música carregou o peso de décadas de história do rock. A performance de "Mr. Crowley" foi descrita pelo The Independent como "bombástica", enquanto o encerramento com "Paranoid", acompanhado de fogos de artifício e um bolo para um Ozzy visivelmente emocionado, transformou o que poderia ser um funeral em uma celebração vibrante.
A crítica internacional reconheceu a importância histórica do momento. A Rolling Stone britânica destacou que "a grande tragédia é que, muitas vezes, lendas como ele morrem antes que celebrações desse porte possam acontecer", considerando "um grande milagre ou intervenção divina" o fato de Ozzy estar presente "para fazer sua última reverência diante da própria tribo". O tom de despedida definitivo "acrescentou uma carga emocional devastadora" ao evento.
O The Guardian, embora tenha considerado o show menos épico devido ao setlist reduzido, não poupou elogios aos "inventores do metal", chamando Ozzy de "uma força da natureza desnorteante". Já o The Independent foi além, afirmando que "o Black Sabbath soa como se ainda estivesse no auge", demonstrando que mesmo com as limitações físicas, a essência musical da banda permanece poderosa.
O evento representou muito mais que uma despedida: foi o reconhecimento de um legado que transformou a música popular. Como concluiu o The Independent, o show celebrou "a deliciosa escuridão que Osbourne e seu clã libertaram há mais de cinco décadas e do colosso em que ela se transformou". O Black Sabbath não apenas criou o heavy metal, mas estabeleceu as bases para um movimento cultural que continua influenciando gerações de músicos e fãs ao redor do mundo.
A despedida de Ozzy dos palcos marca o fim de uma trajetória que começou nos subúrbios industriais de Birmingham e conquistou o planeta. Mais que o encerramento de uma carreira, "Back to the Beginning" simbolizou a passagem do bastão para as novas gerações do metal, todas filhas da revolução sonora iniciada pelo Black Sabbath no final dos anos 1960.