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Base reabre sob temor de falta de verbas

Por Cláudia Collucci (Folhapress)

A nova base brasileira para pesquisas científicas na Antártica foi inaugurada sob o temor de que os recentes cortes orçamentários federais nas áreas de ciência e educação afetem os estudos na região.
Além da histórica instabilidade de financiamento do ProAntar (Programa Antártico Brasileiro), em 2019, o contingenciamento do governo federal também atingiu bolsas de estudo, obrigando alunos de pós-graduação a desistirem de suas pesquisas.
O botânico Paulo Câmara, professor da Universidade de Brasília, que realiza pesquisa com plantas da Antártica há seis anos e também ajudou a montar os novos laboratórios da base científica, que fica a ilha Rei George, fez um desabafo.
- Ganhamos uma Ferrari, maravilhosa, linda. Temos laboratórios que muitas universidades não têm. Mas tem que ter gasolina, insumos para os laboratórios, alunos fazendo pesquisa. Se não tiver, a Ferrari não anda, vai enferrujar - adverte Paulo Câmara.
Segundo pesquisadores, com a mudança de governo, R$ 2 milhões em bolsas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que já estavam empenhadas, não foram aplicados. Outros quase R$ 4 milhões estariam em suspenso.
Essas bolsas de estudo são fundamentais para formar novas gerações de pesquisadores. Só países com atividade científica, que hoje somam 29, podem ter voz e voto no Tratado da Antártica, que regula as atividades no continente. O Brasil se tornou membro em 1975 e membro consultivo em 1983, com o ProAntar.
- As pessoas podem achar que é muito dinheiro para estudos, mas não. É uma pesquisa internacional, que depende do dólar. Quem tem um projeto de R$ 1 milhão, tem menos US$ 250 mil. Os equipamentos, reagentes, tudo é importado”, explica o microbiologista Luiz Henrique Rosa, da Universidade Federal de Minas Gerais, coordenador de projeto que estuda fungos na região.
Em nota, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações nega que tenha havido contingenciamento dos recursos para o ProAntar. Em relação às bolsas da Capes, o ministério afirma que o CNPq estabeleceu um acordo para a implementação de ações, no valor de R$ 5,72 milhões.
A Antártida representa 10% do território do planeta, com 70% da água doce do mundo e imensas reservas intocadas de gás, minérios e petróleo.

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