A proposta de Reforma Administrativa, que será apresentada na Câmara dos Deputados sem data definida, limita o teletrabalho, ou home office. Segundo o deputado federal Pedro Paulo (PSB-RJ), haverá regulamentação do teletrabalho no funcionalismo público. No entanto, a falta de estrutura digital pode ser um entrave para o retorno de servidores ao trabalho presencial.
E não é para menos, o Tribunal de Contas da União (TCU) verificou que 88% das organizações públicas federais apresentam desempenho ruim no que diz respeito às estruturas tecnológicas. Apenas 1,74% dos pesquisados receberam avaliação "regular" ou superior.
Os dados fazem parte do levantamento de adoção de boas práticas de acessibilidade digital nas instituições do setor público federal.
Sete dimensões foram avaliadas: Governança; Design e Desenvolvimento; Testes e Validação da Acessibilidade; Capacitação e Cultura Organizacional; Atendimento de Pessoas com Deficiência e Incorporação de Retorno do Usuário; Manutenção e Melhoria Contínua; além de Transparência e Promoção da Acessibilidade Conquistada.
Com exceção da dimensão técnica Design e Desenvolvimento, que apresentou discreto desempenho positivo, todas as demais registraram médias baixas. As fragilidades observadas refletem deficiências estruturais e técnicas significativas.
Nas dimensões de Atendimento e Transparência, 88,9% e 93,4% das organizações, respectivamente, foram classificadas como "ruins". Isso significa que, além das barreiras técnicas, muitas instituições não oferecem suporte acessível e efetivo, nem comunicam de forma clara as limitações ou os recursos de acessibilidade digital existentes.
O estudo do Tribunal foi feito em 366 instituições, incluindo organizações dos Três Poderes, o Ministério Público da União e entidades do Serviço Social Autônomo (paraestatais).
Reunião na comissão
Durante reunião da comissão geral da Câmara sobre o projeto de reforma administrativa no início do mês, o deputado Pedro Paulo, relator da matéria na Câmara, chegou a afirmar que iria "acabar com a bagunça".
"Vamos enfrentar algo que é polêmico no serviço público, que é a questão do abuso que acontece com o teletrabalho. Se, de um lado, o universo digital, a tecnologia nos permite novas formas de trabalho, isso não pode significar que essa é a proposta única", disse.
Decreto de 2023
Criado por decreto em 2023, o Programa de Gestão e Desempenho (PGD) busca melhorar o desempenho das instituições, priorizando a entrega de resultados e metas em vez do controle de horas ou da presença física.
Os dados consideram apenas servidores ativos. Ficam de fora da conta integrantes da Defensoria Pública da União, estagiários, hospitais federais e institutos de saúde, além do Programa Mais Médicos e de oficiais militares.
O trabalho remoto é regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017), com reforço posterior pela Lei nº 14.442/2022.
O Decreto nº 11.072/2022, principal marco legal que regulamenta o teletrabalho para servidores da Administração Pública Federal direta, autárquica e funcional, estabelece as regras e o funcionamento do Programa de Gestão e Desempenho (PGD).