O que é ser brasileiro?

Marco Nanini lê crônicas que celebram Brasil profundo em espetáculo que encerra festival histórico com 30 montagens em 30 dias

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Marco Nanini durante a apresentação de 'Alma Brasileira', em julho, no Festival Amir Haddad

Escrito por Camila Amado (1938-2021) e dirigido por Amir Haddad, o espetáculo "Alma Brasileira" encerra nesta terça-feira (2) o Festival Todos no TGG - 30 Espetáculos em 30 dias, que celebra os 60 anos do Teatro Gláucio Gill. Durante um mês inteiro, sem interrupções na programação, a casa apresentou 30 montagens radicalmente diferentes, abarcando gêneros, estilos, dramaturgias, elencos e propostas estéticas que revelam vitalidade extraordinária da cena teatral brasileira.

Protagonizada por Marco Nanini, a peça reúne crônicas e canções que evocam identidade e afetos do Brasil profundo. O espetáculo foi originalmente concebido a partir de roteiro organizado por Camila, trabalho que ganhou vida plena através da colaboração entre Nanini e Haddad. Em julho de 2025, durante a 3ª edição do Festival de Teatro Amir Haddad, o espetáculo foi apresentado como "Alma Brasileira - Outra Face", ensaio aberto que ocorreu na Casa do Tá na Rua. A apresentação reuniu Nanini em cena, lendo crônicas e cantando, enquanto Haddad compartilhava suas provocações e impressões como diretor, criando a atmosfera de escuta, diálogo e invenção que caracteriza o trabalho.

O sucesso no Festival Amir Haddad consolidou "Alma Brasileira - Outra Face" como trabalho de relevância significativa que circulou entre espaços públicos como Praça Cardeal Câmara e Casa do Tá na Rua, com ingressos populares

As crônicas, lidas por Nanini em cena, oferecem retratos de momentos, pessoas, sentimentos e reflexões que permitem ao público compreender as múltiplas camadas do ser brasileiro. As canções complementam a narrativa textual, criando paisagem sonora que dialoga com as palavras ditas. "Alma Brasileira" é descrita como montagem afetiva, reflexiva e plena de brasilidade. A abordagem de Amir Haddad privilegia intimidade teatral — em vez de grande produção ou cenografias espetaculares, a peça se constrói através da presença de Nanini, de sua voz, sua leitura, sua capacidade de comunicar emoções simples e profundas. O espetáculo oferece convite para que público compartilhe reflexão sobre identidade nacional, sobre o que nos une e o que nos divide, sobre histórias que definem coletivamente quem somos.

Marco Nanini, após longa e brilhante carreira que inclui trabalhos em novelas, cinema e séries, retorna aos palcos com projeto que celebra essência do fazer teatral.

O encerramento do festival com "Alma Brasileira" é um acerto da curadoria por olhar para trás, para essência do que somos, antes de nos permitir seguir adiante.

SERVIÇO

ALMA BRASILEIRA

Teatro Gláucio Gill (Praça Cardeal Arcoverde, s/nº, Copacabana)

2/11, às 20h

Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)