Entre as tramas do destino

Espetáculo 'Hereditária' une biografia, mitologia e acessibilidade em apresentações gratuitas nas zonas norte e oeste

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A dramaturgia de 'Hereditária' entrelaça memórias pessoais, ancestrais e referências mitológicas, como o mito grego das Moiras

Após receber elogios do público e da crítica em temporarada nos teatros do circuito Sesi-Firjan e no Centro Cultural Sérgio Porto, o espetáculo "Hereditária" segue em sua circulação pelo Rio com duas apresentações gratuitas neste mês de maio. O público poderá conferir a peça no dia 21, às 14h, na Areninha Cultural Terra, em Guadalupe, e no dia 28, às 15h, na Areninha Cultural Sandra Sá, em Santa Cruz.

Idealizado pela artista Moira Braga que, aos sete anos, foi diagnosticada com Stargardt, uma condição genética rara que provoca a perda progressiva da visão, o espetáculo propõe uma reflexão profunda sobre os múltiplos sentidos da hereditariedade — genética, social e afetiva. A dramaturgia, assinada por Moira em parceria com o diretor Pedro Sá Moraes, entrelaça memórias pessoais, ancestrais e referências mitológicas, como o mito grego das Moiras, oferecendo um olhar sensível e político sobre o que herdamos e o que escolhemos construir.

"Hereditária" foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro nas categorias Direção e Cenografia, e ao Prêmio APTR na categoria Jovem Talento para a atriz Luize Mendes Dias.

No palco, Moira contracena com Luize e Isadora Medella, com a encenação incorporando linguagem de sinais e audiodescrição, ampliando o conceito de acessibilidade. A direção musical, também de Pedro Sá Moraes e Isadora Medella, utiliza vozes, corpos e objetos cênicos como instrumentos, enquanto o cenário, criação do músico e artista plástico Ricardo Siri, é uma instalação sonora e visual que interage com a ação da peça.

A peça propõe uma nova abordagem sobre acessibilidade no teatro, ultrapassando a lógica de adaptação e fazendo da comunicação inclusiva um elemento central da linguagem cênica. Libras e audiodescrição são integradas desde a concepção dramatúrgica até os deslocamentos em cena, promovendo uma experiência sensorial ampla para todos os públicos.

A narrativa é entrecortada por canções originais compostas por Sá Moraes, e não segue o formato tradicional de teatro musical, apostando numa estética autoral e experimental. Os sons são criados ao vivo, com o uso de objetos do cenário que, ao serem manipulados, compõem a ambiência da peça.

O trabalho de Moira Braga também ganhou visibilidade na televisão. Em 2022, ela participou da novela "Todas as Flores", da TV Globo, interpretando a personagem Fafá. Em 2024, voltou à emissora como preparadora de elenco da novela "Renascer".

SERVIÇO

HEREDITÁRIA

21/5, às 14h: Areninha Cultural Terra (Rua Marcos de Macedo, s/nº - Guadalupe)

28/5, às 15h: Areninha Cultural Sandra Sá (Rua 12, 1 - Conjunto Guandu, Santa Cruz)

Entrada franca, com distribuição por ordem de chegada uma hora antes do início na bilheteria