Atos, processos e reflexões de Gustavo Gasparani, um artista brasileiro
Ator, diretor, dramaturgo e professor desenvolve quatro projetos em paralelo e prepara livro sobre práticas teatrais
Gustavo Gasparani é um dos nomes mais relevantes do teatro brasileiro contemporâneo. Ator, dramaturgo, diretor e professor, construiu uma carreira marcada pela valorização da cultura nacional, com destaque para o teatro musical. Sua obra combina rigor estético, pesquisa histórica e um olhar atento para questões sociais, refletindo uma profunda paixão pelo Brasil e por suas múltiplas expressões artísticas.
Ao longo dos anos, conquistou reconhecimento pela originalidade de seus projetos e pela versatilidade com que transita entre diferentes funções cênicas, com prêmios Shell e APTR em seu currículo.
Sua trajetória é marcada por inquietações criativas e pela constante busca por inovação. Gustavo costuma assumir múltiplos papéis em seus projetos — como ator, diretor, autor e produtor — sempre com sensibilidade, profundidade e compromisso ético. Movido por uma brasilidade diversa e afetiva, vem contribuindo de forma significativa para a cena cultural do país, consolidando-se como uma referência incontornável no teatro nacional.
Atualmente, Gustavo Gasparani está envolvido em quatro grandes projetos que reafirmam seu compromisso com o teatro musical brasileiro, com narrativas de relevância social e com a valorização de figuras icônicas da nossa cultura.
O primeiro é "Fafá de Belém - O Musical", escrito em parceria com Eduardo Rieche. O espetáculo celebra a trajetória da cantora paraense, destacando sua origem amazônica, a ousadia de romper padrões estéticos e sua força política e artística. Ao mergulhar nas 70 canções escolhidas por Fafá, Gustavo percebeu nelas um retrato vivo do Brasil. A parceria criativa com Rieche, já consolidada em trabalhos anteriores, trouxe leveza a um processo que pode ser solitário — especialmente quando se está envolvido em mais de um musical ao mesmo tempo.
Outro projeto em destaque é o retorno da série "Vozes Negras - A Força do Canto Feminino". Nesta nova fase, os debates ganham mais profundidade, com foco nas experiências vividas por cantoras como Elizeth Cardoso e Carmen Costa. Inspirado no Teatro do Oprimido de Augusto Boal, o projeto valoriza histórias de resistência diante do racismo e do machismo, dando voz a trajetórias que marcaram a cultura brasileira.
Já "Nas Selvas do Brasil" parte de um episódio histórico — o encontro entre Cândido Rondon e Theodore Roosevelt na Amazônia — para discutir identidade, colonialismo e o legado de Rondon. A ideia nasceu após uma visita ao Museu Rondon, em Rondônia, e se transformou em uma peça escrita por Pedro Kosovski, com direção de Daniel Herz. Nesta obra, Gustavo atua juntamente com Isio Ghelman e também produz, experimentando um novo olhar ao concentrar-se apenas na atuação.
Paralelamente, Gustavo desenvolve o livro "Atos, Processos e Reflexões", em parceria com a jornalista Rogéria Gomes. A obra nasceu de sua experiência como professor na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), onde começou a lecionar em 2023. Sentindo a ausência de bibliografia nacional sobre métodos e vivências teatrais, decidiu reunir relatos de alunos e experiências práticas para criar um material acessível e significativo para estudantes e profissionais do teatro. Rogéria acompanhou processos marcantes como "Vozes" e "Júlio César", contribuindo com uma perspectiva jornalística sensível e atenta.
Além desses projetos, há ainda o musical do centenário da Mangueira, idealizado a convite da presidente da escola. Como mangueirense de coração, Gustavo considera esse trabalho especialmente simbólico. A afinidade artística com Jô Santana, que também valoriza a cultura brasileira e a centralidade das figuras femininas, torna a parceria ainda mais forte.
Gustavo é movido por inquietações criativas, paixão pela brasilidade e desejo genuíno de compartilhar conhecimento. Ao assumir diferentes papéis — de ator a diretor, de professor a autor — constrói uma obra profundamente comprometida com a identidade cultural brasileira e com o poder transformador da arte.