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Nas distorções do arquétipo masculino

Numa tentiva de reaver sua mulher, Uli (Manoel Madeira) inicia uma jornada de autoconhecimento | Foto: Hamsa Wood/Divulgação

Com texto da atriz e dramaturga Jaqueline Roversi e direção de Leona Cavalli, "Caminho 22" é o segundo espetáculo da Cia Pandora, que se formou a partir dos estudos do arquétipo feminino nas mitologias de diversas culturas, e suas distorções ao longo dos séculos. Pesquisa essa que deu origem ao primeiro espetáculo, "Pandora", dirigido por Leona.

Na sequência desta pesquisa, a companhia agora mergulha na investigação do arquétipo masculino e suas distorções. O tema será abordado através da figura do psiquiatra Uli, um homem moralmente abusivo no consultório e em casa.

A dramaturgia do espetáculo é livremente inspirada na Jornada dos 22 Arcanos Maiores do Tarô, cartas/símbolos que, em sequência, formam a "Jornada do Louco", metáfora para a jornada humana ao longo da vida.

A peça lança um olhar sobre as estruturas dominantes que amparam o machismo, quase sempre cultivadas no seio familiar, reafirmadas e transmitidas durante a formação do indivíduo.

"Quis escrever sobre essa jornada e mostrar o processo de transformação de um homem cujos valores precisam urgentemente ser revistos. Há nele machismo, homofobia, entre outros desdobramentos que aparecem, mesmo que de forma sutil, em pequenas atitudes do dia-a-dia. Seu comportamento inconveniente sempre foi tolerado por todos, que normalizam o absurdo. Apenas duas dessas pessoas se rebelam. Sua paciente e sua esposa. Os temas são abordados através do comportamento e processo desse homem que se vê obrigado a mudar a partir do momento que vai expandindo sua consciência e começa, mesmo que por mero acaso, sua iniciação", conta Jaqueline.

A peça se passa em torno de Uli (Manoel Madeira), um psiquiatra machista e abusivo. Ele é abandonado simultaneamente por sua mulher Pen (Jaqueline Roversi), grávida, e por Dai (Jordana Korich), sua paciente mais antiga - ambas assediadas moralmente através de manipulações e abusos psicológicos.

A ex-paciente abre um espaço terapêutico denominado Caminho 22, e a ex-esposa recorre ao local em busca de alento para suas angústias. Na tentativa de resgatar a esposa, Uli, contrariado, se vê obrigado a entrar no Caminho, onde acaba revisitando memórias perdidas da infância, e enxergando a chance de mudar a própria história.

Além do espetáculo, estão previstas três oficinas gratuitas, ministradas pela equipe, paralelamente à temporada: mitologia, produção e dramaturgia.

SERVIÇO

CAMINHO 22

Teatro Dulcina (Rua Alcindo Guanabara, 17 - Cinelândia)

De 4 a 127/10, de quinta a sábado (19h) e domingo (18h)

Ingressos: R$ 40, R$ 20 (meia) e R$ 15 (ingressos sociais)