Comemorando 40 anos de carreira e o sucesso como a Inácia na novela "Renascer", Edvana Carvalho pode ser vista no espetáculo "Aos 50, quem me aguenta?" em cartaz no Teatro Glauce Rocha e que tem a atriz como coautoras. A direção é de Marcelo Praddo.
Mais do que nunca, para Edvana, este é o momento de falar sobre a mulher negra e sua maturidade, os aspectos sentimentais e sociais de seu empoderamento, abordando temas como sexo, envelhecimento, filhos, relacionamentos e sororidade ao ultrapassar as barreiras trazidas pelos 50 anos.
Os textos do espetáculo são inspirados no formato do Ted Talk, em que conversas curtas são apresentadas de forma bem-humorada sobre as diversas situações vividas no âmbito pessoal da intérprete. "Aos 50 - Quem me aguenta?" traz uma abordagem crítica e consciente, de uma mulher frente às demandas de uma sociedade que ainda se guia pela valorização da juventude. Assim, temas como machismo, misoginia, racismo e preconceitos diversos, servem como fonte para quebrar paradigmas e mostrar as novas possibilidades do feminino no contexto contemporâneo.
"Essa peça vem para comemorar os meus 40 anos de teatro e a minha vivência na meia-idade. Estou vivendo outra fase na minha vida, que também é de total empoderamento. Já me tornei avó, gosto de dizer que me tornei vovógata! E, pela primeira vez, subo ao palco sozinha, um desafio que eu mesma me impus pessoalmente e como artista, para falar sobre a mulher que eu vi crescer em mim nesses 56 anos de idade", reflete Edvana.
Segundo a atriz, a peça toca em muitos tópicos, dentre eles relacionamentos, filhos, a síndrome do ninho vazio, questões sociais, cotidianas e, claro, situações engraçadas. Outra perspectiva, que permeia toda sua carreira, é a de ser um instrumento de representatividade. "Acredito que devemos estimular sempre a ideia de que meninos e meninas negros, oriundos da periferia, como eu, podem ser atores e atrizes. Podemos estar em todos os lugares que quisermos e, a cor da minha pele, origem e etnia, não podem ser entraves para isso", reforça atriz, baiana de Salvador que iniciou sua carreira ainda na escola, passando pelo Grupo de Teatro do Sesc/Senac, chegando à primeira formação do Bando de Teatro Olodum para depois integrar o elenco de algumas novelas e filmes como "Ó Pai, Ó" e "Os Homens São de Marte... E É para Lá que Eu Vou".
Para o diretor Marcelo Praddo, falar sobre a maturidade, a passagem do tempo e seu significado é sempre engrandecedor. "Além do tema principal, que é o relato de uma mulher sobre sua experiência ao chegar aos 50 anos, outro componente importante é que estamos falando de uma atriz negra", pondera. Ele acredita, assim como Edvana, que esta abordagem faz toda a diferença. "Isto acrescenta pontos importantes e delicados à discussão, como preconceito, discriminação e a dificuldade de sobreviver de arte num país como o nosso", frisa o encenador.
SERVIÇO
AOS 50 - QUEM ME AGUENTA?
Teatro Glauce Rocha (Av. Rio Branco, n° 179 - Centro)
Até 26/9, às quartas e quintas (19h)
Ingressos: R$ 60 e e R$ 30 (meia)