Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

Aplausos de pé para gargalhada

O Coletivo Negra Palavra encenou "Pelada - A Hora da Gaymada", o maior vencedor da noite | Foto: Fotos/Karyme França/Divulgação

Muito se diz que o texto de Aristóteles sobre a comédia que teria desaparecido. A busca por essa obra perdida é, incluive, o centro da trama de "O Nome da Rosa", livro do italiano Umberto Eco. O gênero carrega historicamente a pecha de ser considerada uma arte menor. Comediantes e palhaços são tratados como agentes da diversão, do entretenimento, algo que não chega necessariamente a ser tida como arte.

Um dos comediantes mais populares do país, Fábio Porchat organiza desde 2017 um prêmio destinado excluisvamente a artistas e espetáculos teatrais de comédia que acontecem nas capitais paulista e carioca, o Prêmio do Humor, cuja premiação é definida através de um júri especializado, que escolhe os melhores nas categorias texto, performance, direção, espetáculo e especial.

"É muito difícil a comédia ser homenageada e premiada no mundo. Eu acredito que esse prêmio exalta o humor e o coloca no pedestal que ele merece. O Prêmio do Humor mostra pra todos que o humor precisa ser valorizado e que a classe humorística está fazendo comédia de qualidade", defende Porchat.

Pelo segundo ano consecutivo, o evento

chama-se Prêmio I Love Prio do Humor, com o patrocínio do teatro homônimo. "Estamos muito felizes em dar nome ao prêmio pelo segundo ano consecutivo. Entendemos que temos muita sinergia. Incentivamos a cultura e o esporte, principalmente no Rio de Janeiro. É um compromisso nosso retribuir para a sociedade. Usamos o I Love PRIO porque ele reflete a paixão pela cidade em que nascemos e pelas iniciativas que apoiamos e acreditamos serem capazes de fazer a diferença", explica

Gabriel Hackme, gestor de Patrocínios e Projetos do grupor que gere a casa de espetáculos.

Apresentada por Fábio Porchat, a cerimônia de premmiação não poderia deixar de ser um show de humor. Porchat usa o roteiro (ou não) numa dinâmica própria como mestre de cerimônias. Todo o ambiente, desde a entrada, estava com decoração de circense.

A peça "Pelada - A hora da Gaymada" - encenada pelo grupo Negra Palavra, escrita por Eudes Veloso e sob direção-geral de Orlando Caldeira - lavou a égua, consquistando os prêmios de melhor texto, direção e espetáculo ao mostrar as questões de racismo, homofobia, preconceitos de todas as ordens com uma ótima história.

O emocionado discurso de Caldeira, em processo de recuperação de um acidente de trânsito, mostrou que a proposta de recuperar, a verdadeira alegria carioca, ao mostrar o subúrbio sem folclorizar, com um texto raro, direção brilhante, sobretudo na movimentação dos atores, é a maneira de levar a reflexão, sem tristeza.

"Sentença de Vida", corajosa e comovente ao narrar, de forma leve e divertida, episódios de portadores de HIV, narrados pela médica Marcia Rachid, levou o premio Cetegoria Especial. Criado e dirigido por Gilberto Gawronski, que divide o palco com Clarisse Derzié Luz e a drag queen Suzy Brasil, usa a estética queer para mostrar como a prevenção é fundamental. O prêmio de melhor performance foi para Eduardo Sterblitch por seu fantasma em "Beetle Juice".

O homenageado da noite foi o cantor e compositor Eduardo Dusek que continua afiado e mordaz. De riso em riso, de gargalhada em gargalhada, a festa continuou com DJ e tudo a que se tem direito.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.