Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

Diversidade marca o Prêmio Shell de Teatro 2024

"As Cores da América Latina", destaque nacional, da Panorando Cia e Produtora (Manaus) | Foto: Divulgação

Isso é Brasil! Isso é Brasil! Isso é Brasil!

Muita, mas muita gente à porta do Teatro Sergio Cardoso já evidenciava o que é o Prêmio Shell de Teatro e sua importância para a cena cultural do Brasil. Todas as idades, todos os figurinos, todas as etnias, todos os gêneros, do Oiapoque ao Chuí. Uma festa da inclusão, da diversidade, sem qualquer preconceito que é uma ocasião rara na atualidade. Um Brasil de um lado só, os artistas, a arte, a beleza, as emoções, uma festa absoluta.

Para Bruno Mariozz, produtor de "Leci Brandão - Na Palma da Mão", premiada pela emocionante direção de Luiz Antônio Pilar lembra que a cerimônia é um momento único: "Chegamos aqui para celebrar a arte. Somos agradecidos à Shell por essa premiação. A questão maior não é ganhar, e sim mostrar o nosso trabalho, a importância do que fazemos, as milhares de pessoas envolvidas", sustenta.

Este ano, mais uma vez, o Prêmio Shell aponta os caminhos de talento que começam a surgir como também a lembrar nossas origens, a ancestralidade que formou o teatro de hoje. Ao escolher Amir Haddad e Renato Borghi como homenageados, o prêmio mostra que os fundadores do Oficina e, depois de seus próprios grupos, ainda hoje apontam o caminho do que eles mesmo lembram: o teatro salva!

Entre os vários momentos emblemáticos, a escolha das melhores atrizes retrata o que de melhor acontece hoje nos palcos: Grace Gianoukas por "Nasci para ser Dercy" (Júri SP) e Zahy Tentehar por "Azira'i". A primeira com mais de 40 anos de carreira, consagrada como artsista inovadora, irreverente, destemida. A segunda, também autora é a primeira atriz indígena a ser premiada. Ambas contaram as histórias de mulheres que mudaram parte da sociedade brasileira. Zahy conta a vida de sua mãe, primeira mulher pajé e Grace revive Dercy.

Os grupos são a verdadeira infraestrutura do fazer teatral. Juntos, sobrevivem enfrentando os maiores desafios e dificuldades. Muitos dos espetáculos que concorreram, em todas as categorias, foram trabalhos, ainda que individuais como figurinistas, cenógrafos, músicas, foram realizados dentro dos coletivos. Assim, a melhor dramaturgia foi para Vinicius Baião por "Três irmãos", que , com Leandro Fazolla, é diretor e dramaturgo da Cia. Cerne de São João de Meriti.

A melhor direção pelo júri de São Paulo premiou Antonio Araújo, um dos fundadores, além de diretor artístico, do Teatro da Vertigem, grupo que se caracteriza por grandes e inovadores espetáculos encenados nos verdadeiros locais onde se passa a ação como hospital, penitenciária; agora em plena campanha de arrecadação.

A festa foi apresentada por Marisa Orth e Veronica Bonfim que tornam tudo leve e emocionante. A abertura do grupo Ilú Obá de Mim, que promove ações para o fortalecimento das mulheres negras, reafirmou a riqueza da cultura afro-brasileira, com a presença dos orixás e de músicas para começar com todo o axé. A apresentação do Tá na Rua, o grupo de Amir Haddad, de forma carioca mostrou o samba-funk, além de um minidesfile dos artistas transmudados para desfilantes de escola de samba.

Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Responsabilidade Social da Shell Brasil, celebrou a nova categoria Destaque Nacional, com mais de 70 inscritos e um júri especial para premiar a nossa diversidade geográfica. O espetáculo vencedor foi 'As cores da América Latina', da Panorando Cia e Produtora, de Manaus, o grupo que se apresenta nas filas dos coletivos em Manaus.

André Muato foi o vencedor na categoria Música, pela direção musical, percussão corporal e trilha original de "Pelada - A Hora da Gaymada", que também concorreu por "Chega de Saudade". Mauricio Tizuma, o mineiro com alma de Brasil profundo, premiado como melhor ator por sua atuação em "Viva o Povo Brasileiro". Escolhas que evidenciam que o talento e arte fazem parte de nossa essência.

OS VENCEDORES

SELEÇÃO JÚRI SP

DRAMATURGIA: Carlos Canhameiro por ‘Xs Culpadxs’
DIREÇÃO: Antônio Araújo por ‘Agropeça’
ATOR:Maurício Tizumba por ‘Viva o povo brasileiro (de Naê a Dafé)’
ATRIZ: Grace Gianoukas por ‘Nasci para ser Dercy’
CENÁRIO:Eliana Monteiro e William Zarella por ‘Agropeça’
FIGURINO:Karen Brusttolin por ‘A aforista’
ILUMINAÇÃO: Aline Santini por ‘Mutações’
MÚSICA: Naruna Costa pela direção musical de ‘Boi Mansinho e a Santa Cruz do Deserto’
ENERGIA QUE VEM DA GENTE: Palacete dos Artistas – Projeto de moradia e assistência no centro de São Paulo onde artistas veteranos vivem por meio de aluguel social e de autogestão do espaço e realização de eventos culturais.

SELEÇÃO JÚRI RJ

DRAMATURGIA: Vinicius Baião por ‘Três irmãos’
DIREÇÃO: Luiz Antônio Pilar por ‘Leci Brandão - Na Palma da Mão’
ATOR: Matheus Macena por ‘Los Hermanos - musical pré-fabricado’
ATRIZ: Zahy Tentehar por ‘Azira’i’
CENÁRIO: Ricardo Rocha por ‘Eyja: Primeira Parte, a Ilha’
FIGURINO: Luiza Marcier por ‘Los Hermanos - musical pré fabricado’ e por ‘Restos na Escuridão’
ILUMINAÇÃO: Ana Luzia Molinari de Simoni – ‘Azira’í ‘ e por ‘Feio’
MÚSICA: André Muato pela direção musical, percussão corporal e trilha original de ‘Pelada – A Hora da Gaymada’
ENERGIA QUE VEM DA GENTE: Cia dos Comuns - Pelos 22 anos de uma atuação continuada e imprescindível para a formação e o fortalecimento da cena teatral preta brasileira, contribuindo de forma decisiva para o fomento e formação de artistas negros e na luta antirracista em nossa sociedade

DESTAQUE NACIONAL

As cores da américa Latina, da Panorando Cia e Produtora, de Manaus.

 

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"As Cores da América Latina", destaque nacional, da Panorando Cia e Produtora (Manaus) | Foto: Divulgação

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Luiz Antnio Pilar, melhor direção RJ, com o elenco de 'Lecy Brandão - Na Palma da Mão' | Foto: Divulgação

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O abraço de Amir Haddad e Renato Borghi, os homenageados da noite no Teatro Sérgio Cardoso | Foto: Divulgação

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Maurício Tizumba, melhor ator SP, por 'Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)' | Foto: Divulgação

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Grace Gianoukas, melhor atriz SP, por 'Nasci pra Ser Dercy | Foto: Divulgação

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Vinicius Baião, melhor dramaturgia RJ, por 'Três Irmãos' | Foto: Divulgação

 

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