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Crônicas escritas a sangue quente

'Gente de Bem' revela crônicas de nossa época, sob o olhar crítico de Ximenes Braga | Foto: Bel Pedrosa/Divulgação

O livro "Necrochorume e outros contos" de João Ximenes Braga, um dos mais importantes escritores da televisão brasileira, norteia a peça "Gente de Bem", da Cia. Comparsaria Teatral e traz, pela primeira vez, um texto do autor para o teatro. São seis histórias curtas retiradas literalmente da publicação de 2021 que retrata personagens e situações típicas da classe média branca brasileira.

O resultado mostra crônicas de nossa época, escritas a quente, como apontamentos sobre absurdos registrados pelo autor no dia a dia, seja observando situações, diálogos, atitudes, o preconceito, os atavismos, o racismo, a homofobia e o conservadorismo das pessoas. No elenco, além da diretora Adriana Maia, que também é atriz, mais 12 atores.

"Quando vi um ensaio de 'Gente de bem', fiquei surpreso com a teatralidade e o humor que a companhia descobriu nessa prosa. Os dois contos que fecham o espetáculo, porém, me deixaram apavorado. A companhia lhes trouxe tamanha virulência que eu não conseguia deixar de pensar que, em outros tempos, toda a trupe seria presa logo na noite de estreia", compara João Ximenes Braga.

"As histórias de Ximenes nos obrigam a olhar a sordidez humana sob o ponto de vista do opressor, e é preciso encarar esse opressor, só assim encontraremos caminhos possíveis para desconstruir a branquitude", observa Adriana Maia.

A diretora aposta na performance do ator-narrador - um recurso cênico do teatro épico contemporâneo, que permite ao ator transitar entre o ato de narrar e o jogo da representação, assumindo por vezes a função de personagem-narrador, e outras vezes de narrador-personagem.

SERVIÇO

GENTE DE BEM

CCBB - Teatro III (Rua Primeiro de Março, 66)

Até 18/12, sexta, sábado e segunda (19h) e domingo (18h)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia)

 

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