Se hoje a vida da mulher ainda não merecer leis, tratamento igualitários, pode-se pensar o que era na Europa há 190 anos atrás. Além disso, uma sociedade que começava a ter contornos extremamente racionais, com a Ciência avançando com enorme gula sobre as emoções, os afetos. Ao mesmo tempo, um mundo em que as camadas das elites econômicas e sociais, exerciam o poder absoluto. É desse barro que surge Helena Petrovna Blavatsky , mulher, russa, separada e humanista.
Com texto de Lucia Helena Galvão, interpretação de Beth Zalcman e encenação Luiz Antônio Rocha, o monólogo "Helena Blavatsky, A Voz do Silêncio", baseado na vida da importante pensadora do fim do século 19.
Todo o movimento da peça é de iluminação. Do texto em si, com palavras da própria Helena que nos mostra a beleza e a poesia dessa mulher que fundou a Teosofia. A interpretação de Beth que usa uma prosódia realizada de forma brilhante, e também comovente, de uma mulher em que se sente o peso dos anos assim com um eco de um sotaque da Europa Ocidental.
Os gestos lentos, o sincopado da voz, uma calmaria vai penetrando nos espectadores com as mensagens de luta, de espiritualidade , de comoção. Beth, agora Helena, usa o fio da narrativa de si própria para ir se transformando, com as dificuldades dolorosas, sendo superadas pela sua transcendental missão, repleta de iluminações.
A encenação de Luiz Antonio Rocha está muito além de movimentos, vezes. Ao compor uma iluminação, realizada por Ricardo Fujji, que tem o claro/escuro como fio, chega a ter momentos , dos melhores, quando Helena fala e os fachos de luz a iluminam, como vemos nas imagens dos quadros da Renascença. Ao contar a historia, cujo tempo são os últimos momentos da vida da Helena, a peça consegue nos trazer aquela luz que só teatro de qualidade consegue.
SERVIÇO
HELENA BLAVATSKY, A VOZ DO SILÊNCIO
Teatro dos Quatro (Shopping da Gávea - Rua Marquês de São Vicente, 52 - 2º andar)
Até 9/12, às sextas e sábados (20h) e domingos (19h)
Ingressos: R$ 120 e R$ 60 (meia)
