Os apagados pela sociedade

'Zero e Uns - Uma Ópera Periférica' aborda a invisibilidade dos tipos periféricos

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Dois personagens periféricos anônimos estão no espetáculo

Durante um dia de trabalho no trem da Supervia dois velhos (des)conhecidos se esbarram no vagão. Zero é um universitário que faz arte para custear suas passagens. E Um, vendedor ambulante que circula pelos transportes públicos da cidade. Suas ideologias se chocam e o conflito é imediato. Este é o espetáculo "Zeros e Uns - Uma Ópera Periférica" e, temprada na Sede das Cias, Santa Teresa, até domingo.

Produzido pela Belfort Produções com direção de Stephanie Dourado e dramaturgia de Pedro Fonseca a peça faz sessões nas sextas (20h), sábados com sessão dupla (18h e 20h) e aos domingos (19h).

"O espetáculo discute as diversas formas de se existir em uma sociedade que te trata como parte de uma mera estatística. O nome da peça é o nome das personagens que são apagadas ao ponto de não terem nem nomes reais (será?) Óperas são obras teatro-musicais cheias de prestígio e épicas. 'Zeros e Uns - Uma Ópera Periférica' conclama esse lugar de prestígio e o transporta para a periferia carioca, lugar que raramente é olhado com bons olhos", explica a diretora.

Qual dos dois personagens será o maestro que vai conduzir essa narrativa reflexiva, verossimilhante, cheia de musicalidade? E qual deles é e qual deles pode se considerar artista nesse país?, sugere a montagem.

Stephanie explica mais sobre os nomes dos personagens serem Zero e Um. "As identidades, sonhos, amores e conflitos dessas pessoas são totalmente apagadas, e elas são colocadas dentro de uma única vertente social: estatísticas. Zero é um homem preto, universitário, que pode constantemente ser associado à violência racial. Um é morador de periferia e constantemente marginalizado pela sociedade. Eles têm esses nomes porque a violência social os fez parte de uma estatística que não para de crescer com mais zeros e mais uns em seu número total", destaca.

SERVIÇO

ZEROS E UNS - UMA ÓPERA PERIFÉRICA

Sede das Cias (Rua Manuel Carneiro, 12, Santa Teresa - Escadaria Selarón)

Até 22/10, sexta (20h), sábado (18h e 20h) e domingo (19h)

Ingressos: R$ 40, R$ 20 (meia) r R$ 15 (lista amiga)