Fita, o Rock in Rio do teatro
Angra dos Reis está em festa com mais uma edição do Fita, que leva 32 espetáculos à Costa Verde
O mais importante evento dedicado ao teatro brasileiro está de volta e de forma presencial. É o Festival Internacional de Teatro de Angra dos Reis (Fita), que chega à sua 15ª edição desta sexta-feira (13) até o dia 29 de outubro na cidade da Costa Verde fluminense com 32 produções selecionadas, entre espetáculos teatrais, infantis e solos humorísticos.
A edição deste ano terá quatro categorias: Mostra de Sucessos, que ocupará a tenda, com capacidade para 700 espectadores; Sessão Cult, com espetáculos intimistas ou experimentais, apresentados no Teatro Dr. Câmara Torres, com capacidade para 200 espectadores; a Sessão Comédia, com apresentações de humor na tenda, após as apresentações principais, e, por fim, a já tradicional Fitinha, com produções infantis distribuídas entre os dois espaços do evento.
O espetáculo "A falecida", de Nelson Rodrigues (1912-1980) estrelado por Camila Morgado, abre nesta sexta a programação do evento. Dirigida por Sérgio Módena, a nova montagem celebra os 70 anos da estreia nacional do texto e marca a volta da atriz aos palcos após um hiato de 11 anos.
Três produções farão suas estreias no festival. "Papa Highirte", de Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) pelo Grupo Tapa, com Zé Carlos Machado à frente do elenco; "Escola de Mulheres", com direção de Clara Carvalho, além de "A Falecida".
Idealizador e realizador do Fita, João Carlos Rabello fala sobre sua relação com a Fita. "Quando me perguntam como defino o Fita, digo que é o Rock in Rio do teatro. E, da mesma forma que o Rock in Rio não é somente sobre rock, indo do samba ao jazz, a gente abre um leque ás diferentes categorias que existem no teatro, indo de experimentações e de trabalhos de pesquisa aos grandes sucessos do teatro, incluídos aí os stand-ups", destaca.
Outro aspecto importante está no fato de muitas produções teatrais escolherem o Fita para fazer suas estreias, o que acaba por dar uma repercussão grande a esses espetáculos. "A classe artística entende que o Fita é um projeto deles também. O festival consolidou uma relação recíproca de amor entre o município de Angra dos Reis e as pessoas que produzem cultura. Se você gosta de teatro, faça as malas e venha para Angra", convida o produtor.
Gustavo Gasparani, diretor de "Julius Caesar - Vidas paralelas", adaptação da Cia dos Atores para o clássico shakesperiano, comenta sobre a importância de um evento deste porte ser realizado numa cidade fora do eixo Rio-São Paulo. "Dentre vários fatores que poderia elencar sobre a importância da existência do Fita, destaco o fato de ver o teatro movimentar uma cidade que não seja uma grande capital como Rio ou São Paulo", afirma. "Quanto mais o teatro se espalhar pelas cidades do país, melhor para o teatro e para o país. Assim, o nosso povo perceberá a importância do teatro para a nossa sociedade", argumenta Gasparani.
Atriz e produtora associada de "Charles Aznavour, Um romance Inventado", Sylvia Bandeira celebra sua participação no Fita deste ano. "O Fita é teatro. Existe há anos e cada vez com mais visibilidade e sucesso. Estive com o musical 'Rádio Nacional' em 2006 e volto agora. É a cultura aliada a um lugar paradisíaco, uma combinação mágica. O público ama e nós artistas também", anima-se.
Autor, diretor e produtor de "Judy: o Arco Íris É Aqui", Flavio Marinho classifica o evento como "um dos festivais de teatro mais simpáticos do país". "Não só porque é situado na aprazível Angra dos Reis, como porque, ao contrário da maioria dos festivais, é um evento plural: abriga do teatrão ao experimental, fornecendo uma bela panorâmica da atividade", pontua. "E, para completar, somos sempre recebidos com muito carinho pela organização. Sou um fã da Fita. Até porque costumo sair de lá com a faixa de "campeão de bilheteria", seja com um monólogo dramático ou uma comedia musical", elogia.
