Se fosse viva, Nina Simone, ou simplesmente Nina faria 90 anos. Foram 70 anos de pura intensidade, talento, luta, bravura. Sempre à frente de seu tempo. Mesmo nos dias atuais. Eunice Kathleen Waymon, Nina Simone, cantora cujo estilo foi emocional em tudo. Suas músicas, sua vida e, notadamente, uma engajada na luta dos direitos civis. É essa Nina emocional e emocionante que é retratado em "Ninas", um musical cuja montagem nos permite ver a força da personagem em uma estrutura dramatúrgica de primeira.
Com Cyda Moreno, Anna Paula Black, Fábio D'Lélis, Roberta Ribeiro, Tati Christine, Kathlen Lima (piano) e Regina Café (percussão), atrizes dividem a experiência de viver no palco a pianista, cantora, compositora e arranjadora. A pesquisa e dramaturgia de Joaquim Vicente tem um apuro impressionante. Além da assertividade em todos os fatos, datas, locais absolutamente corretas, a opção em mostrar os episódios baseados nos sentimentos, nos relacionamento que norteia Nina, causa um impacto maior.
A direção artística de Édio Nunes na qual as atrizes têm um desempenho que, mesmo quando fazem o jogral, é um uníssono como se só houvesse uma delas em cena. Além disso, apesar das particularidades de cada uma, o jogo de corpo, as entonações, a interpretação das canções permitem que as quatro atrizes exerçam a sua individualidade sem qualquer diferença no resultado final.
O espetáculo é um colar de pérolas idênticas, como aquelas que estão nos figurinos de Wanderley Nunes. A escolha dos ornamentos, casacos, vestidos, adereços vão além de retratar uma época ou caracterizar a personagem. O que as atrizes e o ator vestem são de uma beleza, um mergulho em uma época, um momento de transformação e transgressão. Ninas é mais do que uma biografia. É uma revelação de tempos e questões passados, denunciando a atualidade dos sofrimentos.
SERVIÇO
NINAS
Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160)
Até 8/10, de sexta a domingo (19h)
Ingressos: R$ 30, R$ 15 (meia), R$ 7,50 (associado Sesc) e gratuito (PCG)