Celebrando 20 anos, o espetáculo “A Farsa do Bumba meu Boi”, a Cia Teatral De 4 no Ato promove temporada em quatro espaços populares e uma escola municipal da cidade. A peça é uma ópera popular, com inspiração folclórica que dialoga com as muitas versões da história de Mateus e Catirina, fiéis funcionários do bravo capitão.
O espetáculo conta a história do boi de raça morto para saciar o desejo da grávida Catirina, que deseja comer sua língua. Com medo de Catirina perder o filho, seu marido, Mateus, resolve matar o boi de seu patrão. Muita confusão acontece até que o boi seja ressuscitado.
Gilvan Balbino, diretor do espetáculo, conta que a trajetória do atrapalhado casal conduz o espectador a um divertido jogo cênico, onde três atores alternam entre cinco personagens, cuidando de deixar a história dinâmica e irreverente, como convém ao repertório da cultura popular brasileira. “Muitas rimas, intrigas, peripécias e canções de cunho popular, ganharão a cena e, se os Deuses do teatro permitirem, o coração do público. A Farsa do Bumba-Meu-Boi continua conquistando o país, descendo o morro, subindo ladeira, levando alegria e se alimentando de sonhos, que movem o trabalho do artista e que garantem o aplauso da plateia”, comemora.
Ainda de acordo com Balbino, a opção por escolher espaços populares é a continuidade do trabalho que a Cia desenvolve. Ainda segundo ele, o grupo teatral é popular e as apresentações não poderiam ser em espaços diferentes do princípio da companhia. “Nossas pesquisas das manifestações artísticas e culturais vêm do povo e é para onde devemos ir. Nossa meta é ocupar os espaços ociosos da cidade, sobretudo onde o Estado não chega, com culturas e artes”, afirma.
Ele lembra ainda que unir arte e educação é uma necessidade das localidades por onde o espetáculo passará, uma vez que a presença do estado é mínima nessas comunidades e muitos artistas também não se apresentam por lá. “Fazer teatro no subúrbio, onde uma parcela de artistas não vão por diversos fatores, restringindo o contato com essa camada da população, chega a ser revolucionário e, sobretudo, apresentar em escolas é fundamental. Essa parceria de arte e educação contribui para o desenvolvimento das pessoas, dando a elas acesso e vivência artística. Na verdade, o privilégio é nosso de estar nesses lugares apresentando para essas pessoas”, destaca o diretor.
Ele reflete ainda sobre as expectativas em relação à temporada de agosto. Segundo Balbino, as comunidades que receberão a peça terão uma apresentação de alto nível. “Somos um grupo super otimista e sabemos que esse trabalho, ao longo desses anos, vem nos trazendo grandes boas surpresas e aprendizados. Um teatro vivo que dialoga com todos os públicos. A expectativa é super positiva de uma troca maravilhosa entre nós, artistas, e os espectadores, que desejamos sejam muitos e com toda a diversidade desse Brasil que somos”, conclui.
O espetáculo já passou por cidades como Paraty, Espera Feliz (MG), Sertãozinho, São José dos Campos e Limeira (SP), Ponta Grossa (PR), Cachoeiro do Itapemirim, Guaçuí e São Mateus (ES).
A história do Bumba Meu Boi
Bumba Meu Boi ou Boi-Bumbá teve origem cultural europeia e surgiu no século XVIII, momento em que o gado era importante para economia local. Trazida para o Brasil pelos portugueses, junto com as culturas indígena e africana, o Bumba Meu Boi se tornou uma das danças folclóricas brasileiras mais conhecidas. Além disso, o boi é um animal com diferentes simbologias ao longo da história, o que contribuiu para o seu protagonismo no folclore regional. As festas de boi, como são chamadas as celebrações como o bumba meu boi, inspiram-se no auto do boi, um conto popular passado por gerações.
Os primeiros registros oficiais do bumba meu boi, no Maranhão, mostram que a festividade era predominante entre os negros, o que gerou um descontentamento na sociedade elitista da época. Em 1861, a manifestação cultural foi proibida, sofrendo uma paralisação de sete anos. Durante o período em que o boi esteve parado, entrou em vigor o Código de Posturas de São Luís, pela Lei Provincial, em 4 de julho de 1866, proibindo a realização de batuques fora dos lugares permitidos pelas autoridades competentes.
Mesmo com a volta dos folguedos, os responsáveis pelo bumba meu boi tinham que pedir, por requerimento, a autorização da polícia para que pudessem ensaiar e sair para se apresentar nos dias das Festas Juninas. A burocracia durou de 1876 a 1913.
SERVIÇO
A Farsa do Bumba Meu Boi
11/8 - Escola Municipal Engenheiro Lafayette (Av. Duque de Caxias, 170 - Deodoro) - 11h
12/8 - Praça do Skate - Campo Grande - 11h
13/8 - Praça Guilherme da Silveira, Bangu - 11h
Entrada gratuita