Por Cláudia Chaves
Especial para o Correio da Manhã
Bruce Gomlevsky é um ser total das artes dramáticas. Premiado no Festival de Brasília em seu primeiro curta metragem, já encarnou personagens da vida real emblemáticos como Renato Russo e Henfil na televisão. No teatro integrou, durante três anos, a Companhia de Ópera Seca, sob a direção de Gerald Thomas, pela qual realizou sete espetáculos. Ator, produtor e diretor tem a coragem de encarar grandes desafios, construindo espetáculos com uma carga de inovação e com um resultado de altíssima qualidade.
Desde 2008, Bruce lidera a Cia Teatro Esplendor realizou nos últimos 13 anos, importantes e premiados espetáculos. Entre eles podemos destacar: "Festa de Família", "O Homem Travesseiro" de Martin McDonagh, "A Volta ao Lar" de Harold Pinter, " Funeral" de Thomas Vinterberg, "Dêmonios" de Lars Noren, "Os Sete Gatinhos" de Nelson Rodrigues e "Um Tartufo", de Moliére.
As características principais dos trabalhos da companhia são a excelência dramatúrgica, atrelada a uma pesquisa interpretativa, fruto do estudo aprofundado do método das ações físicas pregadas pelo teórico russo Constantin Stanislavsky.
Agora, no Teatro Sérgio Porto, Bruce reestreia um inédito, a "Revolução dos Bichos", baseado na obra de George Orwell e reapresenta "Um Tartuffo". O novo espetáculo adaptado pela autora Daniela Pereira de Carvalho, dará continuidade à pesquisa teatral iniciada pela companhia. "Eu escolho meus textos a partir da dramaturgia. Adoro ler textos dramatúrgicos de excelência. Pesquiso peças contemporâneas, clássicas, brasileiras, internacionais que me interessem, me apaixonem e que sejam pertinentes à realidade em que que a gente vive", destaca.
São 14 atores em cena, com seis estudantes fazendo os animais que , após 20 meses de ensaio, para a Cia investigar, principalmente, dois pontos: um temático e outro cênico. Bruce fala como escolhe o elenco: "Eu escolho através de oficinas de prática de ensaio com atores e estudantes. Convido atores com os quais eu me identifico, mas sempre com uma possibilidade de convidar nossas pessoas em estágios e oficinas. Ensaio por muito tempo, pois nesse processo experimental com laboratórios exige tempo longo."
"O nosso projeto é mostrar como a Revolução tem a ver com nossa linguagem e a aprofunda com personagens bichos, animais. Desde novembro venho procurando essas vozes, esses corpos dos animais que compõem essa fazenda que dialoga com a realidade. Censura, democracia, fake news, autoritarismo são temas que estão na ordem do dia para serem discutidos. E já estão lá nessa fábula do Orwell e escolhemos para dialogar com a nossa contemporaneidade", conclui Bruce.