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Uma viagem no tempo

Por Affonso Nunes

Depois de duas apresentações superlotadas no Teatro Rival Refit, o espetáculo "Flores Astrais: Um Tributo aos Secos & Molhados" chega hoje ao Teatro Claro Rio, em Copacabana, para apresentação única.

Mais que uma homenagem cover, o show reproduz fiel e integralmente a revolucionária fase clássica do grupo que de maquiados que empilhou sucessos como "O Vira", "Sangue Latino", "Assim Assado" e "Rosa de Hiroshima" e alavancaram a carreira de Ney Matogrosso.

A extravagância nos figurinos, a dança hiper sensualizada e o apelo performático das apresentações de João Ricardo, Gerson, Ney e banda eram algo por demais ousado e inédito naqueles plúmbeos anos de 1973 e 1974 movidos por uma sonoridade que colocava num mesmo caldeirão folclore, poesia, Beatles, rock pesado e progressivo.

Pensando em rtesgatar essa atmosfera, um grupo de músicos tarimbados se reuniu em torno do tributo.

"A ideia parecia apenas um sonho, algo como 'um dia vou subir o Everest' ou coisa desse tipo, mas, a partir do entusiasmo e esforço coletivo, foi ganhando corpo e alma", explica Alan James (baixo), um dos idealizadores do projeto.

"Encarar o desafio só foi possível pelo prazer de tocar esse repertório fantástico, respeitando arranjos, ambientação e sonoridade originais", arremata Rike Frainer (bateria).

A aventura de reviver o visual das performances ao vivo do trio foi mais uma tarefa árdua. Mas vale destacar a semelhança entre o guitarrista Luiz Lopez e João Ricardo após o trabalho de caracterização. "É uma enorme responsabilidade homenagear a caráter, musical e visualmente, artistas tão marcantes, e que ainda estão em atividade", pontua Luiz, cujos trabalhos também incluem as bandas de apoio de Erasmo Carlos e A Cor do Som.

O multi-instrumentista, cantor e especialista em Beatles Mário Vitor, caracterizado como Gerson Conrad, compara o desafio a "uma revolução pessoal muito gratificante para todos nós".

Obviamente a parte mais complicada era encarnar Ney Matogrosso, cuja carreira até hoje tem como marca a mesma expressividade e ousadia de 1973. "Investi em preparações específicas tanto para o registro vocal quanto para a expressão corporal de um de meus maiores ídolos", conta Danilo Fiani, também tarimbado por tributos aos Beatles, e Rolling Stones que, certamente, contribuíram para reproduzir a atitude contestadora de Ney nos palcos.

Com o sucesso que reverbera até hoje, em pleno século 21, a fase clássica e icônica do Secos & Molhados ocupa lugar privilegiado no imaginário e nos corações do público. E a performance desse músicos no show-tributo desperta a magia de nos transportar para algum lugar dos anos 1970. Estive nas duas primeiras apresentações do projeto e foi extamente isso o que senti.

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