Sindicalistas das usinas de Angra pedem 'Fora, Bispo'
Trabalhadores fizeram ato durante seminário da Eletronuclear
Por Redação
"Altamente positivo". Foi assim que representantes do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica nos Municípios de Paraty e Angra dos Reis (Stiepar) avaliaram a ação de protesto organizada pela própria entidade na última quinta-feira (21). O ato foi motivado pela falta de definição sobre quem ficará no comando da Eletronuclear, responsável pelas usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3, já que a atual gestão - especialmente, a do diretor-administrativo Sidney Bispo - tem sido desaprovada pela categoria. O nome dele é defendido pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Aliás, a escolha da data para realizar a manifestação foi estratégica. Isso porque foi o mesmo dia que aconteceu o Seminário de Devolução das Ações dos Programas Socioambientais da Central Nuclear de Angra, no Cineteatro de Praia Brava, no qual o sindicato fez questão de comparecer.
Em meio as acusações sobre negligência com a classe e as supostas ações de desmantelamento das usinas Angra 1 e Angra 2, a resposta durante o seminário foi clara: silêncio. Aliás, em melhor definição, barulho, já que o volume da apresentação rapidamente subiu para abafar as declarações do sindicato ao pedir pela demissão imediata de Bispo.
Ato nas ruas
Mesmo assim, o movimento também seguiu para as ruas, onde reuniu centenas de trabalhadores, familiares e universitários da região. Durante a manifestação, também foram abordadas outras pautas como a suspensão do transporte que era oferecido pela Eletronuclear para alunos da Costa Verde que estudavam em Volta Redonda e Barra Mansa, como também o corte do benefício que garantia moradia para trabalhadores nas vilas residenciais de Mambucaba e Praia Brava.
— No entendimento do sindicato, foi um balanço altamente positivo. E vamos aguardar agora a decisão do ministro Alexandre Silveira junto com o presidente Lula para tirar da direção da empresa Sidney Bispo e fazer as devidas nomeações que já estão em andamento — destacou um integrante do sindicato.
Entenda o caso
Desde antes do anúncio do afastamento de Raul Lycurgo, ex-presidente da Eletronuclear, foi iniciada uma verdadeira corrida para definir quem seria o novo nome a assumir a estatal, que controla as usinas Angra 1, Angra 2 e a não concluída Angra 3.
Por fim, foi definido que o diretor-técnico Sinval Zaidan Gama ocuparia de forma interina a presidência, com apoio do Stiepar por falta de opção. O presidente da entidade, Cassio Lúcio Luiz Martins, o Tilico, esclareceu com exclusividade ao Correio Sul Fluminense que na verdade o nome de Sinval veio como um "atenuador de conflito" já que a categoria não aprovaria uma recondução de Sidney Bispo para o posto. Ele assumiu a presidência da estatal em janeiro deste ano por indicação do Ministério de Minas e Energia, mas com a resistência dos trabalhadores, retornou para a direção administrativa.
Tensões políticas
No entanto, as tensões aumentam ainda mais já que a nomeação para o cargo também mexe com o cenário político. Isso porque o PT do Rio defende um nome que não causa embate devido a localização da central nuclear, localizado em Angra dos Reis. A cidade, que fica na região da Costa Verde, é quintal do ex-presidente Jair Bolsonaro e de políticos da extrema direita.