Moraes vem ao Rio para reunião com Castro e Paes

Por Paula Vieira

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), receberá nesta segunda-feira (3) o ministro do STF, Alexandre de Moraes, e o prefeito Eduardo Paes (PSD) para discutir a Operação Contenção. O encontro ocorrerá no Centro Integrado de Comando e Controle, na Cidade da Polícia, onde são monitoradas imagens de drones e câmeras acopladas às fardas de agentes.

Relator da ADPF das Favelas, Moraes apura se o estado ultrapassou limites legais na megaoperação nos Complexos do Alemão e da Penha, que mobilizou 2,5 mil agentes e resultou em 113 prisões, 120 armas apreendidas, sendo 93 fuzis, e 117 suspeitos mortos, além de quatro policiais.

Segundo a Polícia Civil, 109 mortos já foram identificados, 78 tinham histórico criminal e 42 possuíam mandados de prisão. Entre eles, havia traficantes de outros nove estados. A corporação afirma que os complexos serviam como "quartel-general do Comando Vermelho", com treinamentos táticos e uso de drones para ampliar o domínio da facção no país. O levantamento indica ainda que o grupo movimentava "50 fuzis e cerca de dez toneladas de drogas por mês", abastecendo 24 comunidades cariocas.

O arsenal apreendido, avaliado em R$ 12,8 milhões, incluía armamentos de guerra vindos de diversos países e peças desviadas das Forças Armadas. "Estamos diante de um arsenal típico de cenário de guerra. Essas armas são utilizadas nas guerras mais violentas do mundo contemporâneo, como da Síria e do Iêmen. Identificar rotas e responsáveis pela chegada dessas armas ao Rio é o próximo passo para enfraquecer o poder bélico das organizações criminosas", disse o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi. "O narcoterrorismo se combate com inteligência, integração e ação coordenada, mas também com atuações ostensivas".

Castro solicitou a transferência de dez chefes do Comando Vermelho para presídios de segurança máxima, medida que ainda depende de decisão judicial. O governo também anunciou a criação do "Escritório de Combate ao Crime Organizado" e do "Consórcio da Paz", em parceria com a União e outros estados, mas ainda não há plano imediato para retomada dos territórios da Penha e do Alemão. A Secretaria de Segurança avalia iniciar nova fase da operação em Jacarepaguá, área que sofre avanço do tráfico.