Câmara aprova projeto que transforma BRT em VLT
Mudanças no BRT serão realizadas nos corredores da Transcarioca e Transoeste
A Câmara Municipal aprovou em primeira discussão, nesta quinta-feira (16), o Projeto de Lei Complementar nº 56/25, que transforma os corredores do BRT Transcarioca e Transoeste em linhas para os Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) ou modelo semelhante de transporte. A iniciativa de autoria do Executivo recebeu 37 votos a favor e três contrários. O projeto será discutido novamente antes de avançar para a sanção do prefeito Eduardo Paes (PSD).
Mais cedo, a Comissão de Transportes e Trânsito da Casa debateu a medida em audiência com lideranças públicas, como a secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Carneiro, e os vereadores Flávio Pato (PSD), Marcelo Diniz (PSD) e Poubel (PL). O encontro abordou impactos urbanos, ambientais e econômicos, além da possibilidade de execução por meio de parceria público-privada.
"É importante trazer essa modernização para o Rio, porque o projeto não só amplia a capacidade de transporte, como também reduz drasticamente as emissões de gases poluentes", destacou o vereador Flávio Pato, chamando a atenção para o impacto ambiental.
Secretários municipais defendem mudança no transporte
Segundo Maína Celidonio, o estudo em parceria com o BNDES aponta que a conversão é viável e aproveita a estrutura existente. "Apesar dos trens terem investimento mais alto, é um transporte que perdura por mais tempo (...) a conversão do BRT para o VLT é mais fácil porque já temos a calha segregada", afirmou.
A secretária informou que a Light participa dos estudos sobre eletrificação da frota: "Estamos em contato constante, avaliando o que há de sobra de energia nas estações e o custo médio das obras".
Com prazo estimado de 36 meses, o projeto deve beneficiar cerca de 1,6 milhão de pessoas em 27 bairros. Para Osmar Carneiro, a proposta também impulsionará empregos e renda: "A valorização do entorno e a geração de obras atraem investimento e melhoram a mobilidade".
Mesmo aprovado, projeto recebe críticas
Representante do Conselho da Cidade, Atílio Moraes criticou a medida, enfatizando que os projetos de transporte urbano implementados pela prefeitura nos últimos anos não resolveram os problemas de trânsito e que o plano apresentado seria mais um caso.
"É um modal de baixa capacidade. Essa discussão nem deveria existir, porque os corredores foram projetados para ser metrô 40 anos atrás. Nas Olimpíadas, acabaram virando BRT e a Linha 4 do metrô, que, na verdade, nem existe. Acho um gasto desnecessário de dinheiro público", declarou.
Para Poubel, falta clareza no plano de mudanças no transporte, o que poderia afetar futuros contratos e prejudicar os cofres públicos.
"A alocação de riscos entre o poder público e o parceiro privado, bem como as garantias envolvidas na execução do contrato de concessão patrocinada, não estão claros e podem gerar desequilíbrios contratuais e onerar indevidamente os cofres municipais ao longo da vigência da parceria", pontuou.
O vereador também divergiu de Maína Celidonio quanto ao gasto de energia para alimentar os novos modais, que poderia causar um colapso.
"Uma vez que os VLTs e VLPs dependem de fornecimento contínuo de energia para operação, seja por alimentação aérea ou pelo solo, como já ocorre no sistema do Centro do Rio, pode acarretar um colapso na energia elétrica da cidade", declarou Poubel após a votação.