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CPI das Câmeras aponta esquemas

Na Alerj, a CPI das Câmeras ampliou suas investigações na última segunda-feira (8). Além do foco em empresas de instalação de câmeras em locais públicos, são investigadas associações de proteção veicular, locadoras de automóveis, ferros-velhos, roubos de cargas e o uso de ouro em atos criminosos.

Em seu depoimento, Nathalia Paiva David, presidente da Associação Rio Ben Benefícios, de 23 anos declarou "desconhecer suas funções no cargo" e que assumiu a presidência por indicação de um tio, apontado como verdadeiro dono da empresa. A fala levou à quebra dos seus sigilos bancário, fiscal e telemático, da Rioben e de familiares. Os deputados também relacionaram o negócio à empresa MMA, controlada por outro tio, além do pai e de outros parentes.

Para o presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PL), as investigações já revelam a atuação de "laranjas" em associações de proteção veicular: "Não restam dúvidas sobre irregularidades, tanto na sonegação fiscal quanto na atuação de estruturas criminosas organizadas. O próximo passo é identificar todos os envolvidos, para nomeá-los e incluí-los no relatório final".

A comissão também ouviu a presidente da Black Hawk, Lidiane Ferreira, que afirmou localizar "em média, 95 veículos por mês", mas não soube detalhar os métodos usados. Os parlamentares apontaram o depoimento inconsistente e aprovaram sua quebra de sigilo bancário, além de solicitarem relatório com os veículos recuperados nos últimos seis meses e a lista de policiais envolvidos. O major Paulo Fernandes será convocado e a PM oficiada para esclarecer sua ligação com a empresa.

Carla Caldas, da Pontual, e Ronald Silva, da Mais Prime, que não compareceram à audiência, terão condução coercitiva. O relator Filippe Poubel (PL) comentou: "Essas empresas fomentam o crime, escondem e lavam dinheiro. O pagamento de resgates virou mais uma receita do tráfico. Hoje, não se trata apenas de tráfico de drogas, mas também de roubo e resgate de veículos, algo que cresceu de forma alarmante".

Na próxima segunda-feira (15), a CPI ouvirá, em presídios, alguns dos principais ladrões de carros do estado. Segundo Knoploch, todos já receberam resgates de empresas ligadas às associações investigadas.