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Complexo encara desafios

Por Marcello Sigwalt

Não bastasse a situação de violência crônica, o fechamento de escolas e unidades de saúde, o Complexo da Maré enfrenta outro desafio, mas de origem climática, uma vez que a região, devido ao calor intenso e incessante, uma vez convertido em chuvas torrenciais, pode, literalmente, ser 'engolida' pelo mar, não antes de acarretar graves problemas de saúde.

Esse quadro cáustico foi traçado pelo estudo, lançado no final do ano passado, pela WayCarbon - empresa de soluções voltadas para a transição econômica de baixo carbono, realizado em parceria com a ONG Redes da Maré - que buscou analisar riscos e vulnerabilidades climáticas do conjunto de favelas, que abriga um universo de 140 mil pessoas, em 38 mil domicílios.

Com o agravamento das mudanças climáticas, as precipitações - apesar de aliviarem os moradores do calor sem tréguas do local - igualmente trazem um grande volume de chuvas, que provocam o transbordamento de rios, córregos, canais, lagos e açudes e o aumento das chances de proliferação de doenças pelas águas contaminadas por esgoto.

Além desses problemas, o aumento do nível do mar também é objeto de preocupação, sobretudo na área mais baixa da Maré, na qual se situam as casas mais próximas do litoral.

A perspectiva é de que a tendência, até 2050, é a costa da região sofrer grandes danos, chegando a ficar submersa, mediante a elevação dos oceanos, em decorrência do derretimento das geleiras.

Entre todas as favelas do Complexo, a Nova Holanda (dona de alta densidade populacional), prossegue o estudo, é a que está mais sujeita a inundações ou mesmo 'desaparecer do mapa', em meio ao avanço gradual, mas firme, do mar.

De modo diverso das demais favelas do Rio de Janeiro, em sua maioria, localizadas em grandes morros, o Complexo da Maré está assentado às margens da baía de Guanabara, entre as três principais vias de circulação da cidade: avenida Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela.