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Número de pacientes de saúde mental no Rio dobra

Alerta sobre saúde mental dos cariocas integra 'Setembro Amarelo', de prevenção ao suicídio | Foto: Divulgação campanha 'Setembro Amarelo'

Por Marcello Sigwalt

Sinalização de alerta para o agravamento da saúde mental da sociedade carioca, o número de pacientes na rede do SUS, especializada em saúde mental, dobrou nos últimos três anos. Levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para a campanha de prevenção ao suicídio, para a edição deste ano do "Setembro Amarelo" aponta que, entre 2020 e 2023, mais que dobrou a quantidade de pacientes da saúde mental nas unidades da prefeitura: um salto de 5.828 para 12.340.

Já levando em conta o acumulado do ano, até agosto último, o estudo mostra que 28% dessas consultas tiveram por finalidade cuidar da ansiedade, o equivalente a 2.160 atendimentos. Desse montante, a ansiedade generalizada foi diagnosticada em 15% dos casos ou aproximadamente 1.160 pessoas.

Também mereceram destaque no trabalho os tratamentos de doenças como a depressão e o transtorno de pânico, doenças que, além dos fatores biológicos, decorrente do estresse alimentado por desafios sociais e ambientais, como a recorrente violência cotidiana do Rio.

Para a psicóloga clínica e pesquisadora no Instituto de Psiquiatria da UFRJ, Cheyenne von Arcosy, "os transtornos psicológicos são complexos, têm várias camadas, e o estresse com a rotina, apesar de não ser a principal causa de um tratamento clínico, potencializa a sensação de ansiedade, causa mudanças de comportamento. As pessoas passam a viver em alerta, preocupadas, ficam mais suscetíveis a surtos de raiva, não conseguem dormir e até fazem mais uso de substâncias nocivas, como o álcool".

Segundo a pesquisa da SMS, somente na rede da prefeitura, as mulheres representam 75% dos atendimentos. Na análise por bairro dos pacientes, aqueles mais frequentes são: Campo Grande, Jacarepaguá, Centro, Penha e Irajá.

O superintendente de Saúde Mental da SMS, o psiquiatra Hugo Fagundes reconhece que a prefeitura sabe da alta procura pelos tratamentos psicológicos e tem direcionado melhor os pacientes para diminuir as filas: "A oferta está maior, mas passamos a direcionar melhor os atendimentos. Tem pessoas guiadas diretamente para tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) ou crianças que vão à atenção psicomotora ou fonoaudiológica", admite.

Dados do Sisreg (Sistema de Regulação), calcularam que, na tarde desse domingo (29), o tempo médio de espera para atendimento na psicologia na cidade do Rio era de 136 dias e 175 dias na psiquiatria.