Por Marcello Sigwalt
Guerra em que a principal vítima é a Educação, a realização de operações policiais, em série, somada a constantes confrontos entre traficante de facções rivais resultaram no fechamento de 60 escolas, em comunidades do Rio, na manhã dessa terça-feira (3). O 'blecaute' educacional foi precipitado por um intenso tiroteio no Complexo de favelas da Maré (Zona Norte), do Salgueiro (região metropolitana), como também na Vila Kennedy, em Bangu (Zona Oeste).
A escalada da violência se acirrou quando integrantes do Bope (tropa de elite da PM), em conjunto com agentes da Polícia Civil entraram na Maré, em busca de criminosos envolvidos em disputas territoriais, sobretudo, aqueles pertencentes ao Terceiro Comando Puro (TCP). Como retaliação, os bandidos dispararam contra um ônibus do BRT, que seguida no sentido do Terminal Gentileza. Embora o veículo tenha sido atingido pelos disparos, que destruíram sua porta traseira, não houve feridos, pois este estava vazio. A ocorrência somente assustou muito o motorista do BRT. "Os policiais correndo para um lado e para o outro, escutei um barulho de tiro. No Into, onde eu consegui parar com segurança, fui ver que tinha um buraco de bala na porta traseira. E o vidro estilhaçado", lembrou o condutor, ao admitir: "A gente fica abalado, porque a gente tem família. Sai para trabalhar e não sabe se vai voltar com vida. O Rio de Janeiro está complicado".
Como no saldo do conflito na Maré, três suspeitos foram mortos pelas forças de segurança, enquanto 37 escolas municipais e uma estadual não abriram as portas, deixando mais de 1,4 mil alunos sem aulas, estima a Secretaria Municipal de Educação, e 9 mil, na previsão da ONG Redes da Maré. A 'tensão' no local aumentou muito, desde que agentes da Secretaria de Ordem Pública (Seop), com apoio da Polícia Civil, demoliram prédios erguidos pelo tráfico, por dez dias seguidos.