Por Pedro Sobreiro
O ano de 2024 marca uma data mais do que especial para um dos filhos mais ilustres do Rio de Janeiro: o sambista Zeca Pagodinho.
No último domingo (4), o músico completou 65 anos de vida e 40 anos de carreira. Para celebrar essas conquistas, ele encheu o Estádio Olímpico Nilton Santos para dar início a uma turnê nacional que vai até o finalzinho de 2024.
Marcado para começar às 19h, o show contou com um aquecimento mais do que especial comandado por Pretinho da Serrinha, que fez uma autêntica roda de samba no estádio do Botafogo. No entanto, o clima não ajudou muito e o temporal que tomou conta da cidade botou água no chope dos presentes, que precisaram se abrigar nas arquibancadas do Niltão.
Diante de raios e trovões, parte do público achou que a apresentação seria cancelada, mas um aviso tranquilizou a todos, dizendo que Zeca subiria ao palco às 19h20. E assim o fez.
Pontualmente às 19h20, Zeca Pagodinho subiu no gigantesco palco adornado com imagens de sambistas lendários e diversas casinhas coloridas, simulando uma comunidade.
Dali em diante, Zeca usou e abusou de seu carisma para encantar um público fiel que ansiava pelo vasto repertório do músico.
Logo de cara, 'Camarão Que Dorme A Onda Leva' acordou o público, tirando aquele desânimo da chuva. Em seguida, Zeca embalou uma sequência de sucessos e foi conversando com a plateia, como numa grande roda de amigos. O auge do bom-humor se deu quando ele interrompeu o show para coçar o pé.
Mas nem tudo foi perfeito. Como o show estava sendo gravado para o DVD, o sambista prezou pela primazia e repetiu algumas músicas em sequência para que as câmeras capturassem a melhor versão. Isso afastou parte do público, que se cansou um pouco na terceira repetição.
Das arquibancadas também houve reclamação da parte técnica. As caixas de som estavam baixas, fazendo com que o pessoal que estava mais para trás tivesse dificuldade para ouvir algumas letras. Também houve um momento de preocupação generalizada, que foi quando a cerveja dos vendedores acabou. É possível que nem eles esperassem o tanto de álcool que foi consumido no domingo. Na saída do show, era impossível não chutar acidentalmente as latinhas pelas arquibancadas.
Porém, o show promoveu uma verdadeira jornada pela história da música brasileira, trazendo participações especiais lendárias para o palco.
Djonga e Iza vieram para representar a nova geração. Seu Jorge e Marcelo D2 trouxeram a vibe dos anos 1990/2000 para o palco, enquanto Alcione veio para ser celebrada junto a Zeca com sua voz super-humana.
Mas o destaque mesmo foi a roda de samba que reuniu Zeca Pagodinho, Xande de Pilares, Diogo Nogueira, Pretinho da Serrinha e Jorge Aragão ao redor de uma mesa regada a vinho, instrumentos e cerveja.
Esse momento foi uma verdadeiro ode ao samba e ao tesouro musical brasileiro, misturando gerações no cenário da mais pura expressão do samba: a mesa de boteco.
Apesar da complicação climática e da questão do som baixo, o público correspondeu bem demais ao carisma e repertório de Zeca, que comemorou seus 65 anos de vida recebendo muito amor dos fãs. E para os fãs de samba, a turnê 'Zeca Pagodinho 40 Anos' é obrigatória. Ela não passa mais pelo Rio de Janeiro, mas rodará o país ao longo de 2024, então vale a pena procurar mais informações no site https://www.zecapagodinho40anos.com.br/.